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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Galápagos: Ilhas Encantadas - Capítulo 14

Capítulo 14

Uma Experiência Única no Mundo

É difícil explicar o que é Galápagos. Cada vez que desembarcamos em uma ilha parece que estamos explorando um mundo diferente. Cada ilha é única e está separada o suficiente das outras para permitir o isolamento necessário à evolução de diferentes espécies. 

É bem provável, que Darwin chegaria a sua teoria da evolução mesmo sem nunca ter pisado nessas ilhas, mas definitivamente Galápagos funcionaram como um catalizador para suas idéias. É possível ter um vislumbre da evolução ao se andar por aqui. As espécies que encontramos no arquipélago são semelhantes o bastante para deduzirmos que são aparentadas com as espécies encontradas no continente, mas são distintas ao ponto de concluirmos de que se tratam de espécies diferentes. Isso também acontece quando olhamos para as ilhas individualmente.

A vida selvagem é única, não só em características físicas, mas no comportamento também. É impressionante o quão perto é possível chegar. Os animais interagem com você como em nenhum outro lugar do planeta, e é impossível não ficar extasiado com tudo que acontece por aqui. 

Deixo Galápagos maravilhado com esse arquipélago, seus animais, suas plantas e suas paisagens. Galápagos é mais do que um lugar, Galápagos é uma experiência única no mundo, que precisa ser vivenciada para ser entendida.  

Pôr do Sol do último dia

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Galápagos: Ilhas Encantadas - Capítulo 13

Capítulo 13

As Gigantes de Galápagos

Elas prosperavam em Galápagos. Eram 14 espécies diferentes espalhadas pelo Arquipélago, totalizando 200 mil indivíduos. Hoje 3 espécies já foram extintas e restam apenas 15 mil. As Tartarugas de Gigantes Galápagos estão em perigo.

Tartaruga Gigante de Galápagos
Tortuga Gigante/ Galápagos Giant Tortoise

Primeiro vieram os piratas, que as caçavam pela sua care. Elas não ofereciam resistência, tinham bastante carne e podiam passar meses sem comida e sem água. Então, eram levadas para os navios onde funcionavam como um estoque vivo de alimento. 

Depois chegaram os baleeiros,  que também as caçavam. Porém, com o passar do tempo, ficava cada vez mais difícil encontrar tartarugas gigantes e os baleeiros tinham que buscá-las cada vez mais longe, no interior das ilhas. Então eles decidiram introduzir cabras no arquipélago. Assim quando voltassem, em uma viagem seguinte, não precisariam procurar tartarugas, iriam caçar cabras.

Sem predadores naturais, as cabras se reproduziram rapidamente e, com seu apetite voraz,  dizimaram a vegetação trazendo problemas para as espécies nativas do arquipélago, que sofriam com a falta de alimento. Animais muito inteligentes, as cabras subiam nas tartarugas para chegar às folhas das árvores mais altas. As Tartarugas Gigantes não tinham chance contra esse novo exército que já contava com 80 mil! 

Então, o Parque Nacional de Galápagos (http://galapagospark.org/) começou um programa de erradicação das espécies invasoras. 10 milhões de dólares foram gastos até que a última cabra caísse no chão. Com isso a vegetação voltou a recolonizar as áreas degradadas e as espécies nativas voltaram a prosperar. Mas o número de Tartarugas ainda era pequeno e elas sofriam com o fantasma da extinção. 

Em conjunto com o Parque Nacional, a Estação de Pesquisa Charles Darwin (Charles Darwin Research Station, CDRS: http://www.darwinfoundation.org/)  começou o programa de reprodução e reintrodução das Tartarugas Gigantes.

Diego, Tartaruga Gaigante de Española
Tortuga Gigante/ Galapagos Giant Tortoise
(Geochelone hoodensis)

Diego foi trazido do Zoológico de San Diego para o CDRS
para o programa de reprodução. Quando chegou a população 
em Española era de 15 indivíduos, Hoje essa população é de 1500

Tartarugas de diferentes espécies foram trazidas para os centros para reprodução em cativeiro. Os ovos são colocados em estufas. Após chocarem os filhotes passam por um centro de treinamento onde aprendem a escalar paredões para chegar a poças de água. Depois são colocados em um ambiente semi-selvagem, antes de serem repatriados em suas Ilhas. 

Recinto para rescém nascidos
Galapaguera (San Cristóbal)

 Eles são identificados para que possam ser repatriados
à Ilha que pertencem (Galapaguera, San Cristóbal)

 Centro de treinamento (CDRS, Santa Cruz)

Habitat semi selvagem (Galapaguera, San Cristóbal)

Habitat semi selvagem (Galapaguera, San Cristóbal)

Tartaruga Giagante de Pinta Solitário Jorge é o ultimo da espécie
Lonesone George is the last of Pinta's species
(Geochelone abingdoni)

Era nosso último dia em Galápagos, e não havia melhor maneira de encerrar essa viagem extraordinária. Subimos as montanhas de Santa Cruz em busca das tartarugas gigantes selvagens!!! E Elas estavam em toda a parte!!!

Tartarugas Gigantes de Santa Cruz em seu habitat natural
(Geochelone nigrita)

O grande objetivo dessa viagem para mim era ver as Tartarugas Gigantes em seu habitat natural. Elas são realmente gigantes, mas é o tamanho que fazem delas grandiosas, é sua história. E estar com elas é uma sensação difícil de explicar... É como mágica.

Tartarugas Gigantes de Santa Cruz em seu habitat natural
(Geochelone nigrita)

Elas deram o seu nome ao arquipélago, sofreram com piratas que as caçavam por sua carna e com espécies introduzidas que competiam por sua comida. Graças aos esforços do Parque Nacional e do Centro de Pesquisas Charles Darwin, as Tartarugas Gigantes, e todos a vida selvagem existente nas ilhas, tem uma chance de prosperar novamente.

Tartarugas Gigantes de Santa Cruz em seu habitat natural
(Geochelone nigrita)

As Tartarugas Gigantes de Galápagos são a alma e o coração desse lugar. Elas são a razão pela qual ainda podemos chamar essas Ilhas de Encantadas.

Elas são incríveis!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Galápagos: Ilhas Encantadas - Capítulo 12

Capítulo 12

Rábida: A Ilha das Cores

Rábida se localiza no coração de Galápagos, onde a atividade vulcânica é mais intensa. É formada por lava basáltica com alta concentração de ferro. Quando esse ferro oxida ele enferruja resultando em um solo de coloração avermelhada. Acrescente o verde das folhas do mangue e os diferentes tons de azul do oceano e você tem uma das praias mais bonitas do mundo!


Rábida

Meu pai e eu em praia de areia vermelha

Ao longo da Praia Leões Marinhos descansavam ao sol. Começamos a trilha para o interior da ilha. No caminho encontramos tentilhões e uma Cobra!!! Não vimos muitos animais, mas a paisagem é incrível!!!

Leão Marinho de Galápagos/ León Marino
Galapagos Sea lion (Zalophus wollebaeki)

Tentilhão do Cactus/ Pinzón de Cactus
Cactus Finch

Cobra de Galápagos/ Culebra de Galápagos
Central Galápagos Racer(Alsophis biseralis dorsalis)

Meu pai e minha mãe na trilha

Voltamos para a praia para um mergulho!!! A concentração de animais por ali era muito maior!!! Os leões marinhos estavam sonolentos e não parecia que iram se aventurar no oceano. Mas haviam muitos bichos para nos acompanhar pelo passeio. Cardumes de peixes moviam-se pelo mar. Cada grupo como se fosse um único organismo! De vez em quando um pinguim cortava essa harmonia, para pegar  sua refeição! Observado por um Tubarão Galha Branca, que nadava calmamente próximo ao costão rochoso!!! Iguanas marinhas nadavam na superfície, tomando fôlego para um mergulho em busca de algas no fundo do mar. O passeio estava ótimo, mas era hora de pegar a Panga e patrulhar a costa!!!

Minha mãe, nossa guia Marcela, meu pai e eu.
note a preguiça do Leão marinho ao nosso lado.


 Iguana Marinha nadando/ Iguana Marina
Marine Iguana (Amblyrhynchus cristatus)

Pelicanos e atobás descansavam nos rochedos. Mais a frente um casal de Lobos Marinhos tomava um banho de sol. De repente um filhote saiu das rochas e mergulhou na água. A mãe ficou apreensiva. O Macho, chamou uma vez, chamou duas, chamou três... Mas o filhote queria brincar e o Macho se juntou a ele na água. 

Pelicano pardo/ Pelicano café
Brown Pelican (Pelecanus occidentalis)

Lobos marinhos de Galápagos (macho escuro, fêmea clara)
Foca pelletera
Galápagos Fur Seal (Arctocephalus galapagoensis)

Lobo marinho de Galápagos/ Foca pelletera
Galápagos Fur Seal (Arctocephalus galapagoensis)

O dia já estava acabando e voltamos para o Navio para ver o pôr do sol que fechou um dia fantástico!!!


Pôr do Sol em Rábida

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Galápagos: Ilhas Encantadas - Capítulo 11

Capítulo 11

Santiago: Em busca dos Lobos Marinhos

Desembarcamos na ilha de Santiago e fomos recebidos por dois piru-pirus que patrulhavam a costa em busca de alimento e por uma Lagarta de lava solitária que procurava abrigo embaixo das rochas, para se proteger do sol forte.


Egas Port (Santiago)

Marcela, minha mãe e uma amiga da viagem

Lagarto de lava de galápagos fêmea
Lagartija de lava de GalápagosLagartija hembra
Galapagos lava lizard female(Microlophus albemarlensis)


Piru piru/ Ostrero/ American Oystercatcher
(Haematopus palliatus galapagensis)


Piru piru/ Ostrero/ American Oystercatcher
(Haematopus palliatus galapagensis)

Passamos a praia e seguimos para o costão rochoso. Muitas aves migratórias, não tão amistosas quanto os habitantes locais, estavam por ali acompanhadas de tentilhões, carangueijos e iguanas marinhas.

Minha mãe e meu pai na praia


Aves migratórias


Tentilhões de Darwin


Iguanas Marinhas/ Iguanas Marinas
Marine Iguanas (Amblyrhynchus cristatus)

Aratu vermelho/ Zapaya/ Sally lightfoot crab
(Grapsus grapsus)

Chegamos aos grottos, pequenas cavernas formadas pelo colapso de tubos de lava, conectadas ao oceano. As águas calmas e as passagens estreitas são perfeitos para os Lobos marinhos que descansam por ali sem se preocupar com predadores. Ao chegarmos ao primeiro grotto observei duas coisas boiando! Eram dois Lobos marinhos!!! Que para a nossa surpresa estavam dormindo dentro d'água!!! Balançavam de um lado para o outro enquanto as ondas chegavam calmamente pela entrada estreita. Vez ou outra batiam na parede... Acordavam assustados!!! Olhavam ao seu redor, davam um grande bocejo e voltavam a dormir!!! Estavam exaustos!!! E não era para menos, afinal eles são animais noturnos. Possuem grandes olhos  necessários para a pesca durante a noite, quando é menos provável um ataque de tubarão, seus principais predadores. 
Grotto

Lobos marinhos de Galápagos dormindo nos grottos
Foca pelletera
Galápagos Fur Seal (Arctocephalus galapagoensis)

Em volta haviam outros Lobos que conseguiram reunir forças para subir até as rochas. Mas já tinham sucumbido, exaustos, e se encontravam esparramados pela costa. Alguns abriam um dos olhos para nos observar. O máximo de esforço que faziam era abrir a boca para um bocejo longo e preguiçoso. Animais muito simpáticos!!!


Grotto

Lobo marinho de Galápagos dormindo nos grottos
Foca pelletera
Galápagos Fur Seal (Arctocephalus galapagoensis)

Lobo marinho de Galápagos preguiçosa
Foca pelletera
Galápagos Fur Seal (Arctocephalus galapagoensis)

Lobo marinho de Galápagos bocejando
Foca pelletera
Galápagos Fur Seal (Arctocephalus galapagoensis)

Deixamos nossos amigos sonolentos e voltamos para a praia. Era hora do mergulho! Decidi ir para a área de arrebentação, onde várias tartarugas verdes do Pacífico se alimentavam. São lentas até debaixo d'água, porém muito graciosas. Mesmo em meio às águas turbulentas batiam as nadadeiras lentamente, como se estivessem voando em câmera lenta. Comecei a explorar águas mais profundas, onde alguns cardumes pequenos de peixes coloridos passeavam calmamente... De repente, ouço um barulho e uma boca gigante se abre em minha frente!!! Era um Pelicano!!! estava em meio ao ataque!!! As aves mergulhavam como foguetes!!! bem ao meu lado!!! E engoliam os pequenos peixes que não tinham a menor chance. Foi incrível observar aquilo debaixo d'água!!!

Tartaruga verde do Pacífico/ Tortuga marina
Pacific Green sea turtle (Chelonia mydas agassisi)

 Pelicano pardo/ Pelicano café
Brown Pelican (Pelecanus occidentalis)

Pelicano pardo mergulhando/ Pelicano café
Brown Pelican (Pelecanus occidentalis)

Estava pronto para ir embora quando vejo dois olhos bem a minha frente!!! Um Leão marinho estava me observando!!! Estava tão perto que eu poderia tocá-lo se quisesse!!! Ele começou a nadar junto comigo e logo mais 3 se juntaram conosco!!! Era como se eu fosse parte do grupo!!! Foi fantástico!!!

Leão Marinho de Galápagos/ León Marino
Galapagos Sea lion (Zalophus wollebaeki)

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Galápagos: Ilhas Encantadas - Capítulo 10

Capítulo 10

Fernandina: Tem asa mas não voa

Fernandina é a ilha mais nova do arquipélago. Foi formada por um único vulcão que ainda está ativo e ainda se encontra em processo de formação. Por causa disso é a ilha mais preservada. Em Fernandina não há espécies invasoras, e nunca houve. Somente espécies nativas são encontradas por aqui.

Espinosa Point (Fernandina)

Desembarcamos em uma praia vulcânica tomada por iguanas marinhas. Nos buracos próximos a costa, tartarugas verdes do Pacífico aprisionadas esperavam a maré alta para voltar a águas mais profundas. Em uma das poças achamos um tubarão gato que nadava em círculos tentando achar a saída.

poças onde tartarugas e peixes ficam aprisionados

Tubarão Gato/ Tiburón Gato/ Catshark

Passamos pelos campos de lava, onde o magma esculpiu canais interconectando o oceano com o interior da ilha. Esses canais são usados por animais marinhos que buscam um lugar seguro para descansar. Marcela, nossa guia, fez um sinal! Todos tinham que ficar em silêncio! Começamos a andar lentamente... Ela nos conduziu para uma baía onde Tartarugas marinhas dormiam tranquilamente.

Campos de Lava/ Lava Fields

Campos de Lava/ Lava Fields

Campos de Lava 

Tartaruga verde do Pacífico/ Tortuga marina
Pacific Green sea turtle (Chelonia mydas)

Tartaruga verde do Pacífico dormindo
 Tortuga marina/ Pacific Green sea turtle (Chelonia mydas)

Voltamos para explorar a costa, mas era preciso ter cuidado para não pisar nas iguanas marinhas que se espalhavam por todo o lugar. Os Leões marinhos, companheiros constantes durante a viagem, estavam nas praias cuidando dos filhotes que brincavam tranquilamente nas poças. 

filhotes de Leão Marinho de Galápagos/ León Marino
Galapagos Sea lion (Zalophus wollebaeki)

 Iguana Marinha/ Iguanas Marina
Marine Iguana (Amblyrhynchus cristatus)

 Iguanas Marinhas/ Iguanas Marinas
Marine Iguanas (Amblyrhynchus cristatus)

 Iguanas Marinhas/ Iguanas Marinas
Marine Iguanas (Amblyrhynchus cristatus) 

Campo de Lava /Lava Fields

Chegamos ao ponto alto da visita! Os Biguás de Galápagos! Galápagos se encontra a mais de 900 km do continente, formada por vulcões há 5 milhões de anos atrás. Durante esse tempo, várias aves vindas do continente chegaram  ao arquipélago, provavelmente desviadas de seu caminho por tempestades. Entre elas estavam os Biguás. Uma vez estabelecidos não havia razão para que eles voassem. Eles mergulham para pegar seu alimento e nenhum mamífero que poderia ameaçá-los conseguiu colonizar as ilhas. Seus ancestrais não precisavam das asas para impulsioná-los na água, já que todos os biguás utilizam os pés para isso. Enquanto uma geração sucedia a outra, sem voar sequer uma vez, suas asas foram encolhendo. Hoje, as asas que eles abrem para secar após uma pescaria são tão pequenas que certamente não os sustentariam no ar. 

Biguá de Galápagos/ Cormorán no volador
Flightless Cormorant (Phalacrocorax harrisi)

Biguá de Galápagos/ Cormorán no volador
Flightless Cormorant (Phalacrocorax harrisi)

O voo é uma atividade que demanda muita energia e as aves não irão viajar pelos céus se for seguro ficar pelo chão, especialmente em ilhar onde os ventos podem levar uma ave para o Oceano aberto. Em seu livro "A Origem das Espécies" Darwin discute as consequências do uso e desuso em populações de insetos localizados em ilhas. Elas tendem a perder o voo. Darwin atribuiu essa perda à Seleção Natural. Ele concluiu: "Eu acredito que a perda quase total da capacidade de voar de inúmeras espécies de aves, que agora residem ou  colonizaram recentemente ilhas oceânicas, sem ameaça de nenhum predador, foi causada pelo desuso." Ele ficaria maravilhado em ver o Biguá de Galápagos!