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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Amazônia Selvagem: Capítulo 12

Capítulo 12: O Futuro da Floresta Amazônica

É Outubro, 2010, estamos no pico da estação seca, uma das estações mais secas já vista pelos guias aqui no Cristalino! As árvores que vivem em afloramentos rochosos, onde a água é mais escassa, perderam as folhas mais cedo do que o normal para economizar esse bem tão valioso para a Vida. Quando andamos por essas florestas decíduas parece que fomos transportados para fora da Amazônia.


Cuxiú passando rapidamente por floresta decídua

As águas estão muito baixas espondo os barrancos, que servem de base para a construção do ninho de várias espécies de aves: andorinhas, arirambas, martins pescadores e a belíssima Saí Andorinha.

Peitoril/ White banded Swallow
(Atticora fasciata)

Ariramba marrom/ Brown Jacamar
(Brachygalba lugubris)

Martim pescador da mata/ Green and rufous Kingfisher
(Chloroceryle inda)

Saí Andorinha/ Swallow Tanager
(Tersina viridis)

Em alguns pontos temos que sair da embarcação com os hóspedes para aliviar o peso, e só assim o barco consegue seguir em frente enquanto caminhamos pela mata para encontrá-lo mais a frente. Os animais, desesperados por água, procuram pequenas poças dentro da mata. Aqueles que não conseguem encontrar se arriscam na beira do rio, onde se tornam vulneráveis para os predadores que estão a espreita.


Veado catingueiro/ Red brocket Deer
(Mazama americana)


Anta/ Brazilian Tapir
(Tapirus terrestris)

Minha Segunda Onça na Amazônia!!!
Jaguar (Panthera onca)

É uma época boa para ver mamíferos, mas essa seca em especial superou a média de qualquer outra seca. A média de Onças Pintadas por aqui é de uma por ano. Até agora já foram observadas 14 (tive o privilégio de estar presente em duas ocasiões). A princípio isso parece ótimo, mas comecei a me perguntar porque estamos vendo tantos animais esse ano... A resposta veio quando comecei a olhar para o céu!!! Quando olhamos para cima vemos um manto de fumaça que filtra os fachos de luz deixando os dias com um ar sombrio. O Sol não se põe no horizonte, simplesmente some atrás da cortina de fumaça. Essa fumaça é causada pelas queimadas na região. Os animais sem ter pra onde correr procuram as reservas, como o Cristalino, onde conseguem abrigo.

A floresta está sendo substituída por pastagens ou por plantações de soja, que é exportada para outros países onde entra como componente na ração para o gado. De um jeito ou de outro a Amazônia está sendo destruída para a produção de carne. E o rítmo com que isso vem acontecendo é alarmante. O tráfico de animais, madeireiras, produção de artefatos indígenas com penas de aves são outras ameaças à Floresta. Nós estamos privilegiando o uso das coisas ao invés de suas fontes, estamos trocando o essencial pelo supérfluo! Vamos ser consumidores conscientes e pensar no que estamos comprando. O Futuro da Floresta Amazônica depende de nós!


terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Amazônia Selvagem: Capítulo 11

Capítulo 11: Relíquia da Pré-História

Começamos o dia com a missão de encontrar uma relíquia da pré-história: A Cigana! A única ave viva que mantém semelhanças com o Archaeopteryx, o elo perdido entre aves e répteis. Os filhotes de cigana possuem garras nas asas e, durante a fase inicial de suas vidas, possuem 4 pés! Literalmente! Essa característica única permite que o filhote, quando ameaçado, pule na água e fuja de um possível predador! Quando não há mais ameaça ele volta para o ninho utilizando as garras para escalar!

Subíamos o rio rapidamente. Não podíamos parar muito pois o lugar onde havia plantas para as aves se alimentarem era distante... Foi então que passamos a primeira curva... Meus olhos não conseguiam acreditar no que viam!!! No ano passado somente um felino havia sido avistado no Cristalino, e eu estava diante do meu segundo felino em um mês!!! A Onça Parda estava deitada em uma pedra no meio do rio!!! Sabia que ia ser um em encontro rápido então preferi observar ao invés de pegar minha câmera... Assim que Ela nos viu. Se levantou rapidamente e deu um salto para a pedra do lado quase em câmera lenta!!! Olhou para nós novamente e saltou para a beirada do rio e sumiu na Floresta!!! Fantástico!!!

Continuamos a subida do rio passando por vários animais...


Veado catingueiro/ Red brocket Deer
(Mazama americana)


Coró Coró/ Green Ibis
(Mesembrinibis cayennensis)


Socozinho/ Striaeted Heron
(Butorides striata)


Biguatinga/ Anhinga
(Anhinga anhinga)

Jacaré coroa/ Dwarf caiman
(Paleosuchus palpebrosus)


Cardeal da Amazônia/ Red capped cardinal
(Paroaria gularis)


Foi então que percebemos uma movimentação na água... Paramos o barco e o maior mamífero da América do Sul emergiu bem a nossa frente!!!


Anta/ Tapir
(Tapirus terrestris)

A Anta cruzou o rio e saiu do outro lado!!! Continuamos subindo até que Francisco, o guia de campo, desligou o motor e disse: "É aqui! Temos que fazer silêncio porque as Ciganas são muito tímidas! Entramos em um braço do rio, onde não havia correnteza e parecia que estávamos em um lago. Tudo que se ouvia era o barulho dos remos movimentando a água enquanto os pássaros cantavam... Foi então que francisco apontou para cima das árvores...

Cigana/ Hoatzin
(Opisthocomus hoazin)


A Cigana! Missão cumprida!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Amazônia Selvagem: Capítulo 10

Capítulo 10: O Verdadeiro Rei da Selva

Esqueça o Leão, o rei da selva é brasileiro! A Onça Pintada possui a mordida mais poderosa entre todos os felinos! Enquanto os outros gatos possuem uma técnica de caça com mordida no pescoço seguida de sufocamento, a Onça possui uma maneira única de caçar: crava os caninos na cabeça da presa quebrando a espinha dorsal ou perfurando o crânio da vítma chegando até o cérebro. Seu padrão amarelo com rosetas pretas é a perfeita camuflagem para andar na floresta onde os fachos de luz em meio a sombra das árvores a tornam praticamente invisível!

Encontrar uma Onça Pintada na natureza é uma experiência única. No começo ficava tão fascinado com os encontros que nem pensava na câmera! A onça sempre olha nos seus olhos e essa é uma visão impossível de esquecer. Outras vezes estava escuro, longe ou o encontro era muito rápido impossibilitando tirar uma foto boa. Após dois anos de Pantanal tive a sorte de me encontrar 36 vezes com o felino, mas só consegui fotografar um indivíduo, e bem de longe.

Então me mudei para a Amazônia com o desejo enorme de fotografar uma Onça na natureza, em especial na Amazônia, já que na floresta é quase impossível o encontro com um felino. A média de Onças do Cristalino é de uma por ano. Sabia que seria difícil, mas preferia pensar que era possível.

Era outubro e estávamos no auge de uma das estações mais secas da Amazônia. Na última manhã dos hóspedes (dois italianos, dois argentinos e um brasileiro) decidi descer o rio com o barco desligado para observar os animais, que não tinham outra opção a não ser vir ao rio para beber água. Foi então que eu vi um socozinho pousado em uma galhada... Chegamos mais próximos e, enquanto os hóspedes tiravam fotos, olhei para o outro lado para procurar outras coisas... Foi então que ouvi: "Ah! Giaguaro..." Olhei para o italiano que apontava para o meio das galhadas!!! Aquele olhar era inconfundível!!! A Onça Pintada estava nos observando!!! Peguei minha câmera!!! A correnteza levava o barco e não havia como parar!!! Só havia uma única janela por onde era possível ver o animal inteiro, e nós já estávamos quase lá!!! Teria uma única chance para fazer a foto!!! Arrumei a câmera em velocidade lenta porque a Onça estava na sombra!!! A minha única chance dependia da Onça ficar parada, assim como eu... Qualquer movimento e a foto ficaria tremida!!! Prendi a respiração e esperei por aquela janela, como uma criança que espera para abrir os presentes no natal!!! Click!


Onça Pintada/ Jaguar
(Panthera onca)

Eu estava muito feliz!!! Não só consegui ver uma Onça na Floresta Amazônica, mas consegui fotografá-la!!! Eu achava que se tornaria cada vez mais corriqueiro, que com o tempo ficaria menos empolgado e avistar uma Onça seria cada vez menos emocionante... Mas hoje eu sei: encontrar uma Onça na natureza é muito especial! E sempre será!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Amazônia Selvagem: Capítulo 9

Capíulo 9: A Hora dos Predadores

Jorge e Amy, guias voluntários, estudam aves de rapina e o maior desejo deles era ver a Harpia. Assim, aproveitamos um dia em que estávamos sem hóspedes para ir à Torre. Chegamos bem cedo mas aves já haviam começado suas atividades... Observamos muitas espécies, mas após as 09h00 o dia começou a esquentar e avistar uma ave era um evento que se tornava cada vez mais raro. Com o aumento da temperatura o ar da superfície começa a esquentar. O ar quente sobe, criando correntes térmicas que levam aves de maiores a grandes alturas, possibilitando uma visão privilegiada da floresta de onde é mais fácil localizar possíveis presas. Essa era a hora que estávamos esperando: A Hora dos Predadores!

O suor escorria por nossos rostos enquanto o Sol cozinhava nossas cabeças. As abelhas, interessadas nos minerais escondidos em cada gota que saía de nossos corpos, eram tantas que funções corriqueiras como respirar se tornava uma atividade quase impossível... Nós já estávamos prontos pra sair... "Harpia! Harpia! Harpia!" Amy apontava o horizonte! Olhei com o binóculo e avistei a mais poderosa águia do mundo! Um gigante cortava o céu com seus 2m de envergadura e suas garras de 13cm! Pousou em uma árvore próxima a torre!!!


Harpia ou Gavião Real/ Harpy Eagle
(Harpia harpyja)

Estávamos estáticos olhando aquela ave magnífica quando um Uiraçu cruza a nossa frente e pousa ao lado da Harpia!!!


Gavião Real falso/ Crested Eagle
(Morphnus guianensis)

Era inacreditável!!! Duas das mais raras aves de rapina do mundo estavam diante de nossos olhos!!! A Harpia havia entrado na área de caça do Uiraçu que veio defender seu território!!! O Uiraçu gritava corajosamente tentando intimidar a Harpia, que majestosamente bateu em retirada! Fantástico!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Amazônia Selvagem: Capítulo 8

Capítulo 8: Todo mundo merece uma segunda chance.



Maitaca de cabeça azul/ Blue headed Parrot
(Pionus menstruus)

Esse é o Cachaça. Ele foi achado no meio da trilha após ter caído do ninho. Estava faminto e chamava pelos pais desesperadamente. Karen e Sandy (duas guias voluntárias) o trouxeram para o Hotel, o alimentaram e o colocaram em sua primeira casa, uma caixa de cachaça (a origem do nome). Caso tivesse sido deixado no local, ele morreria de fome ou seria uma presa fácil para os macacos prego que já estavam por perto.
Durante uma semana Karen e Sandy cuidaram do Cachaça, mas infelizmente ambas tinham que voltar para o Arizona para seus respectivos empregos. Era preciso um voluntário para cuidar do papagaio e eu me ofereci. Então Sebastião e eu construímos uma nova casa pra ele e eu passei a alimentar o Cachaça todos os dias!

Nova casa do Cachaça

Saía com ele para passear e fazíamos exercícios para fortalecer as asas! Comecei balançando o dedo pra cima e pra baixo e ele batia as asas para manter o equilíbrio...Depois passei a jogá-lo para o galho da árvore... Começamos bem próximo do galho e conforme os dias foram passando fui aumentando a distância e, após duas semanas, o Cachaça aprendeu a voar!!!

Cachaça e eu saindo pra passear


Aprendendo a voar!

Então decidimos soltá-lo pra ver se ele era adotado por um grupo de maitacas... Na manhã seguinte ele voltou para receber alimento. Após ficar com o papo cheio saiu para a mata novamente! Voltou no dia seguinte e realizamos o mesmo procedimento. Veio o outro dia e o Cachaça não apareceu... No dia posterior nada do Cachaça... E assim duas semanas se passaram sem nenhum sinal do nosso amigo! Já estava convencido que ele havia virado comida de coruja.
Então, num dia como outro qualquer, estávamos almoçando embaixo de um pé de manga, quando um papagaio pousou acima de nossas cabeças!!!


Cachaça

Era ele!!! O Cachaça!!! Ficou pouco... Logo que ouviu o chamado dos outros papagaios saiu para encontrá-los!!! Ele foi adotado por um grupo de maitacas que o ensinaram onde e como arranjar comida!!! Incrível!!! Ficamos muito contentes por ter conseguido reabilitar o Cachaça e devolvê-lo ao seu habitat natural! Afinal todo mundo merece uma segunda chance.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Amazônia Selvagem: Capítulo 7


Pavãozinho do Pará/ Sunbittern
(Eurypyga helias)


Capítulo 7: O Bendito Pavãozinho do Pará

Quando comecei como guia no Refúgio Ecológico Caiman (http://caiman.com.br/) todos os guias falavam do Pavãozinho do Pará. Ele está na lista da Caiman, mas só foi avistado durante alguns dias na Ponte do Paizinho e depois foi embora sem nunca mais voltar. Pois bem, dois anos se passaram, saí da Caiman e nada de Pavãozinho do Pará.
Eis que um belo dia fui guiar no Cristalino, (http://www.cristalinolodge.com.br/) na Floresta Amazônica. Durante o passeio de barco passa um bicho voando! Ainda meio cabreiro, perguntei a Sebastião, o guia de local: "Era um Pavãozinho do Pará?"Calmamente ele respondeu: "Sim." Fiquei muito agitado! Precisava ver aquele bicho direito... Fizemos a volta com o barco e fomos nos aproximando lentamente!!! Peguei meu binóculo e observei bem a ave!!! Era a hora de fazer um registro!!! Assim que preparei a câmera ele voou... Click! Foi assim que vi e fotografei meu primeiro Pavãozinho do Pará!

Pavãozinho do Pará/ Sunbittern
(Eurypyga helias)


Pavãozinho do Pará/ Sunbittern
(Eurypyga helias)


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Amazônia Selvagem: Capítulo 6



Surucucu Pico de Jaca/ Bushmaster
(Lachesis muta)

Capítulo 6: Cara a cara com a serpente mais temida da Amazônia.

A Surucucu Pico de Jaca é a maior serpente peçonhenta das Américas, podendo atingir 4,5 m de comprimento. O padrão marrom amarelado cortado por diamantes negros é uma excelente camuflagem para essa cobra, que fica no chão da floresta onde há folhas secas iluminadas por pequenos fachos de luz douradas. Tem a injusta reputação de atacar seres humanos e por isso é um animal muito temido.

Estava guiando os alunos da Escola da Amazônia (http://www.escoladaamazonia.org/), e nosso grupo era de 16 adolescentes. Ao chegarmos à Torre o sol já estava laranja e tingindo o horizonte de cor de rosa. A noite foi chegando, as aves se calando e as estrelas começando a aparecer. Fomos envolvidos pela noite enquanto olhávamos a Via Láctea e contávamos histórias sobre as constelações.

Torre de observação de 50m


Por do Sol da Torre

Era hora de voltar. O silêncio na mata era cortado pelos gritos horripilantes do Urutau enquanto andávamos lentamente pela trilha, observando os vaga-lumes cruzando a nossa frente como se fossem estrelas cadentes no meio da floresta.


Urutau/ Common Potoo
(Nyctibius griseus)


Vaga-lume/ Click Beatle

Foi aí que gritaram meu nome! "Fábio! Fábio! Fábio!" Saí correndo passando todas as crianças e quando cheguei vi o guia que estava na frente apontando para o meio da trilha! No momento em que joguei a luz da lanterna naquela direção vi a ponta da cauda de uma cobra que havia acabado de cruzar a nossa frente! "Surucucu! Surucucu!" A cobra parou na beirada da trilha virou a cabeça para a trilha e começou a chacoalhar o rabo entre as folhas secas! Era um sinal de que estávamos próximos demais!


Surucucu Pico de Jaca/ Bushmaster
(Lachesis muta)

E lá estava eu, com 16 adolescentes, frente a frente com a serpente mais temida da Amazônia! Eu parei em frente a cobra e falei com os alunos. "Todos vão passar calmamente! Se alguém correr isso pode assustar a cobra e ela pode atacar! Então vocês virão um por um passando atrás de mim!" A fila começou a andar! O barulho das folhas secas era um lembrete de que devemos respeitar esse animal, mas também demonstrava que ela prefere a defesa ao invés do ataque! Quando o último aluno passou comemoramos o encontro com a Surucucu Pico de Jaca! A Serpente mais temida da Amazônia! Fantástico!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Amazônia Selvagem: Capítulo 5

Capítulo 5: As belezas do rio Cristalino

Pegamos o barco bem cedo, a névoa característica das manhãs amazônicas nos envolvia criando uma atmosfera misteriosa e intrigante. O vento era inexistente fazendo com que a superfície da água ficasse imóvel, formando um espelho perfeito.

Névoa típica das manhãs amazônicas


Espelho d'água

Martins pescadores, biguatingas, arirambas, socós, garças e jacarés eram companheiros constantes durante o passeio.


Garça real/ Capped Heron
(Pilherodius pileatus)


Jacaré Tinga/ Spectacle caiman
(Caiman crocodilus)


Biguatinga/ Anhinga
(Anhinga anhinga)


Martim Pescador pequeno/ Green Kingfisher
(Chloroceryle americana)


Arirambinha bico de agulha/ Rufous tailed jacamar
(Galbula ruficauda)

Foi então que Jaime, o guia de campo, desligou o motor e disse: "Lontra!" procurei o bicho por todos os lados, mas ele havia submergido... Ficamos num silêncio profundo esperando o animal emergir... Nesse momento vi 4 cabeças surgindo bem ao nosso lado! Eram as Ariranhas! Achei estranho porque Jaime é índio e nunca havia visto ele errar antes... De repente, em um galho atrás das ariranhas, ela surgiu!

Lontra/ Neotropical otter
(Lontra longicaudis)


Ariranha/ Giant Otter
(Pteronura brasiliensis)

A Lontrinha mergulhou rapidamente e as Ariranhas seguiram em seu encalço! De tempo em tempo a Lontra subia em um galho para checar suas perseguidoras... As Ariranhas que haviam ficado para trás, começaram a nadar em círculos e a bater na água próxima a margem! Os peixes atordoados viravam presas fáceis!

Ariranhas pescando


Ariranha comendo um cascudo

As ariranhas se revezavam, enquanto uma comia as outras seguiam na perseguição! Saiam da água a todo momento para se esfragar nos troncos e urinar demarcando o território! A Lontra estava tão exausta que não conseguia mais mergulhar e nadava com a cabeça pra fora d'água! Após ficar fora do alcance das Ariranhas parou para pescar! Após comer, subiu o rio deixando as Ariranhas conquistarem seu território! Fantástico!


Lontra exausta


Lontra comendo um trairão

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Amazônia Selvagem: Capítulo 4

Capítulo 4: A Rainha do céu

Entramos na mata em meio à escuridão. Tudo o que se podia ver eram os pequenos feixes de luz de nossas lanternas. As aves começavam a cantoria anunciando o início de um novo dia. Os passos acelerados de Francisco ditavam o ritmo da caminhada, deveríamos chegar ao alto da Torre antes do amanhecer. Ao escalar o último degrau os primeiros raios de Sol surgiam no horizonte revelando a Floresta! A névoa que encobria as árvores adicionava um ar misterioso e mágico aquele momento. É nessa hora que você se depara com a grandiosidade da Amazônia! pra onde quer que você olhe um tapete verde, formado pela copa das árvores, se estende até onde a visão não consegue mais alcançar. É uma visão inesquecível!

Floresta Amazônica


Com o passar do dia a névoa se dissipava revelando brevemente alguns dos habitantes da floresta, antes de envolver a mata novamente. Araras, tucanos, araçaris, anambés e saíras adicionam cores ao espetáculo que é difícil de descrever com palavras... É um sentimento que só se vive quando estamos ali!


Tucano de papo branco/ White throated toucan
(Ramphastos tucanus)



Anacã/ Red fan Parrot
(Deroptyus accipitrinus)


Araracanga no ninho/ Scarlet Macaws in the nest
(Ara macao)


Alma de gato/ Black bellied Cuckko
(Piaya melanogaster)


Araçari mulato/ Curl crested Aracari
(Pteroglossus beauharnaesii)


Foi então que vimos um animal grande pousado em uma árvore distante. Coloquei o telescópio naquela direção e a névoa começou a se dissipar revelando uma cabeça cinza! Meu coração disparou!!! Era Ela!!! A mais poderosa de todas as aves!!! A Rainha do céu!!! O Bicho que eu mais queria ver na Amazônia!!! A Harpia!!! Em 10 segundos a névoa a encobriu novamente, mas foram 10 segundos que fizeram valer a viagem!!! Fantástico!!!

Harpia/ Harpy Eagle
(Harpia harpyja)