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quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Bichos da noite


Onça (Jaguar)

Animal símbolo da fauna brasileira. É o maior felino das américas podendo chegar a 2,10 m de comprimento e pesar 115 Kg. Como é exclusivamente carnívora precisa comer pelo menos 2 Kg por dia, o que determina um território de caça de 25 a 80 Km² possibilitando capturar uma grande variedade de presas. É uma excelente caçadora de emboscada. Suas patas curtas não a permite fazer longas corridas, mas são dotadas de uma força gigantesca necessária para domar animais de mais de 300 Kg. Se alimenta de antas, capivaras, porcos monteiros, jacarés, tartarugas , gado e mais uma grande variedade de presas menores. A Onça possui um papel muito importante no ecossistema na medida em que seleciona naturalmente as presas mais fáceis de serem abatidas, em geral indivíduos inexperientes, doentes ou mais velhos, o que pode resultar como benefício para a própria população de presas. Enquanto os outros felinos possuem uma técnica de caça com mordida profunda no pescoço seguida de sufocamento, a Onça possui uma maneira única de caçar: crava os caninos na cabeça da presa perfurando o cranio da vítma chegando até o cérebro. Possui a mordida mais poderosa entre todos os felinos podendo quebrar cascos de tartarugas com facilidade. Infelizmente é um animal ameaçado de extinção devido a caça pela pele, a destruição de seu habitat, o isolamento populacional e a caça e envenenamento por fazendeiros. Ver esse animal na natureza é uma experiência única e eu espero que muitas pessoas possam ter esse privilégio.

Avistada no Palma da Sede!

Jaguatirica (Ocelot)
Foto de Edir Alves, Didi

A Jaguatirica pode chegar a 1m de comprimento mais 45 cm de cauda e pode pesar de 11 a 16Kg. É um animal de hábitos noturnos, territorial e solitário, sendo encontrado em pares somente na época do acasalamento. A Jaguatirica é uma excelente escaladora. De dia normalmente se encontra descansando em cima das árvores. É um animal oportunista e em sua dieta estão pequenos mamíferos (veados, coelhos, tatus e roedores), répteis (lagartos e cágados), anfíbios (sapos e pererecas) e peixes, delimitando uma área de caça de mais ou menos 18 Km². Infelizmente é um animal ameaçado de extinção pelo tráfico de animais! Sua pela tem grande valor no mercado negro e as pessoas as compram como animais de estimação. O problema é que os animais capturados sofrem maus tratos e de cada 10 animais tirados da natureza pelos traficantes 9 morrem antes de chegar ao comprador. Assim, se uma pessoa compra uma Jaguatirica, essa mesma pessoa está matando outras nove!

Avistada logo após a Onça!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Bicho do dia

Arirambinha Bico de Agulha
(Rufus Tailed Jacamar)

É encontrado na beira de rios e baías pousado em galhos e cipós expostos entre 1 e 4 metros de altura do chão. Utiliza sempre os mesmos poleiros como locais de espreita das presas e locais de alimentação. São territorialistas e após localizados uma vez é fácil encontrá-los novamente (respondem muito bem ao playback). Quando caçam esperam empoleirados em um galho e quando um inseto passa voando o agarra e, utilizando seu longo bico fino, bate contra o poleiro retirando as asas e a carapaça de sua presa. Se alimentam de libéluas, abelhas, borboletas e mariposas. O macho possui garganta branca enquanto a fêmea tem uma garganta parda.

Avistado na beira da Baía da Sede

domingo, 14 de dezembro de 2008

O cliente não tem sempre a razão

Estava na Cordilheira esperando para receber os hóspedes. Aí chegou um ônibus com um casal. No momento em que começamos a tirar as malas do carro deu pra perceber que a Dona ia dar trabalho. A bagagem não acabava, era refrigerante, abacaxi, isopor e até gelo! Ela desceu do carro dizendo: "Quando o pessoal da recepção me disse que não havia frigobar eu fiquei preocupadíssima!" É o tipo de gente que não gosta de natureza e vem pro Pantanal só pra dizer para os amigos que veio. No primerio dia eu já estava meio irritado porque ela disse que não existiam mais felinos no Pantanal. Que todos estavam extintos por aqui. O Cabelo (guia de campo) e eu contávamos histórias das vezes que vimos a Onça e ela não acreditava.
Aí veio o segundo dia e a Dona conseguiu me irritar ainda mais: Ela jogou o cigarro no chão e enterrou! Saí calmamente do caminhão, peguei o cigarro e coloquei no lixo (que por sinal estava ao lado dela). Ela ficou uma fera! Disse que havia enterrado a bituca no chão. Expliquei que o cigarro demora para se decompor e por isso não pode ser jogada em qualquer lugar. A Dona já estava quase espumando pela boca pronta pra pular no meu pescoço: "Então tá bom senhor Fábio!" O que mais me deu raiva é que a mulher havia feito faculdade de jornalismo! Teoricamente deveria ser uma pessoa bem informada, mas, definitivamente, não era o caso.
Veio então o terceiro dia, o dia do Safari com o pessoal do Projeto Onça Pintada (http://www.jaguar.org.br/). A Dona disse que não iria e ainda tirou um sarro: "Ficar caçando Onça no Pantanal... Vocês não ver ver nada! Não existem mais felinos por aqui. Eu não vou!" Aquilo me deixou puto! Mas eu engoli a raiva e saímos... Para um dos melhores safaris da minha vida! Vimos Lobinhos, Mãos peladas, Catetos, um grupo gigantesco de Queixadas,Veados Campeiros, Veados Catingueiros, Veado Mateiro, Cervo do Pantanal, Cutia, Capivaras, Porcos Monteiros, Bugios, Tatu Peba, Quatis, Um Ouriço Cacheiro cruzando a estrada (Um dos animais mais difíceis de se ver por aqui), uma Anta e o animal que sempre salva o dia: A Jaguatirica! Foram 17 Mamíferos em um único passeio!Quando a avistei fiquei muito feliz! Não só por ver a Jaguatirica, mas também por ela provar pra Dona, de uma vez por todas, que os felinos existem no Pantanal! E o que é melhor: A Dona não estava, mas a Jaguatirica ficou tanto tempo e estava tão perto que os hóspedes tiraram boas fotos dela. Ao chegarmos na Cordilheira todos estavam com um sorriso no rosto. A Dona veio direto perguntar como havia sido e eu respondi: "Ótimo! Vimos muita coisa! Mas a melhor foi a Jaguatirica!" Ela não acreditou, mas aí um hóspede mostrou as fotos... Dava pra ver a inveja nos olhos dela e a satisfação nos meus. Que dia!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Bicho do dia

Japacanim (Black Capped Donacobius)

Um dos cantos mais bonitos entre todas as aves. Possui vários chamados, mas é o dueto entre macho e fêmea o que chama mais a atenção. Quando isso acontece macho e fêmea entrelaçam as asas e abrem a cauda em leque mostrando as pontas brancas das penas laterais. Também é possível observar uma área amarela ao lado do pescoço. É uma pele que infla durante a cantoria. Além do canto, chama a atenção o contraste entre as costas marrom escura e o peito creme além do olho amarelo. É encontrado nas margens de rios e baías pulando de galho em galho atrás de insetos.
Avistado nas margens do Rio Aquidauana

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Bicho do dia

Alma de Gato (Squirrel Cuckoo)

Existe uma lenda amazônica que diz que quando o Alma de Gato canta na frente da casa de alguma pessoa, essa pessoa está com os dias contados. No entanto, o Alma de Gato é muito útil para os agricultores, pois se alimenta de insetos, principalmente larvas que atacam as plantações. O Alma de Gato possui esse nome devido a facilidade de se locomover entre os arbustos sem ser percebido, mesmo sendo grande (pode chegar a 50 cm). Também é conhecida como Rabilonga devido a sua grande cauda.
Avistado na portaria

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Bicho do dia

Gavião de Cabeça Cinza (Grey Headed Kite)

O gavião de cabeça cinza possui asas e cauda longas, uma cabeça cinza, que lhe confere o nome, que se destaca do peito branco e das costas pretas. A cauda é preta com 3 faixas brancas horizontais. Apesar de ser grande movimenta-se muito bem dentro da mata e por isso é de difícil visualização. Possui uma alimentação variada composta por insetos, répteis, rãs e caramujos.

Avistado planando na invernada Palma da Sede

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Bicho do dia

Uirapuru Laranja macho (Band Tailed Manakin)

Uirapuru Laranja fêmea (Band Tailed Manakin)

O Uirapuru laranja possui dimorfismo sexual, o que significa que a fêmea é diferente do macho. O Macho possui cores vibrantes na cabeça e no peito (Vermelho fogo e amarelo) contrastando com seus olhos brancos e suas costas pretas. A fêmea é bem mais discreta com um tom verde que da mais destaque aos seus olhos, também brancos. Vivem no interior da mata pulando de galho em galho a mais ou menos 1m do chão. Apesar das cores a observação é difícil pois não ficam parados por muito tempo no mesmo lugar. Possuem uma arena de dança onde as fêmeas vem para procurar o seu par. Nessas arenas os machos se enfrentam numa dança onde o vencedor acasala com a fêmea na mesma arena. Após a cópula a fêmea retorna para a sua área de vida para construir o ninho, chocar os ovos e cuidar dos filhotes. Tudo sozinha. As arenas de dança são visitadas pelos machos durante todo o ano e mesmo fora do período reprodutivo eles realizam uma dança procurando manter as melhores posições.

Avistado na trilha do Isolado