Pesquisar este blog

domingo, 4 de agosto de 2013

Laguna Colorada: a lagoa que muda de cor

Laguna Colorada - Foto: Carolina Mitsuka
Capítulo 7 da série: Bolívia, onde as montanhas tocam as nuvens

Havia pouco tempo! A estrada pelo Paso Hito Cajon estava bloqueada devido a chuva que atingia o Altiplano. O único jeito era cruzar a fronteira da Bolívia para o Chile por Ollague. Isso significava quatro horas a mais de viagem e menos tempo na Reserva Nacional da Fauna Andina Eduardo Avaroa.


Saímos antes do sol nascer, mas ao chegar na entrada do parque não havia ninguém para cobrar o ingresso e liberar nossa entrada. Francisco, nosso guia, não teve dúvida! Levantou a cancela e disse “Pagamos na volta.” Seguimos em alta velocidade em direção ao nosso objetivo: a Laguna Colorada, uma lagoa vermelha onde se encontram milhares de flamingos.

Laguna Colorada azul - Foto: Fábio Paschoal
Ao avistar o lugar Francisco disse: “Ainda não mudou de cor. Vamos aos Gêiseres Sol de la Mañana, quando voltarmos a Laguna estará vermelha.” Realmente, a laguna estava azul, mas seria possível uma lagoa mudar de cor tão rapidamente? Não havia tempo para perguntas! Nosso guia tinha que se concentrar para continuar na estrada e não cair no precipício.

Nos lugares mais altos o frio e a neve são constantes - Foto: Fábio Paschoal
O frio e a neve aumentavam conforme subíamos a montanha. Ao chegar à quase 5000 metros vimos os primeiros sinais de fumaça. O cheiro de enxofre é forte e de tempos em tempos a água, esquentada pela lava que corre em tubos abaixo da terra, entra em ebulição e sai pelas fendas na superfície. Ao entrar em contato com o ar gelado ela se resfria e tudo volta a ficar calmo até outro ciclo começar. Em alguns lugares do Altiplano os gêiseres são a única fonte de água doce para os flamingos que, durante a evolução, desenvolveram a capacidade de beber água com temperaturas próximas ao ponto de ebulição. Mas o tempo era curto e já era hora de voltar.
Gêiseres Sol de La Mañana - Foto: Fábio Paschoal
Descemos o morro o mais rápido possível e, ao fazer a curva, demos de cara com a Laguna Colorada no momento em que ela mudava de cor! Francisco nos explicou que o vento era o responsável pela mudança: “Quando o vento bate levanta os sedimentos e o plâncton que estão no fundo da lagoa e a água muda de cor.” As algas, diatomáceas e pequenos crustáceos encontrados na lagoa possuem altas quantidades de carotenoides, pigmentos responsáveis pela coloração avermelhada. Esses pigmentos são guardados nas penas dos flamingos e são responsáveis pelo cor-de-rosa característico das aves.

Laguna Colorada no momento em que mudava de cor - Foto: Fábio Paschoal
Laguna Colorada vermelha - Foto: Fábio Paschoal
Era hora de seguir caminho. Voltamos para a entrada da Reserva, pagamos os 150 bolivianos (aproximadamente US$ 21,50) do ingresso e saímos rumo à fronteira. Passamos para o Chile, onde encontramos algo surpreendente: chuva no deserto mais seco do mundo.

sábado, 27 de julho de 2013

Deserto de Siloli: um outro planeta

Montanha das Sete Cores no Deserto de Siloli - Foto: Fábio Paschoal
Capítulo 6 da série: Bolívia, onde as montanhas tocam as nuvens

Estávamos a 4.600 m e a temperatura era de -5°C. Uma fina camada de gelo, que havia se formado no chão de areia vermelha, quebrava sob meus pés rompendo o silêncio ensurdecedor. A névoa encobria a visão dos picos nevados e adicionava um ar misterioso àquele lugar que parecia ser de outro planeta.


Nascer do sol no deserto de Siloli - Foto: Fábio Paschoal
Os primeiros raios de sol atingiram as montanhas mais altas. Lentamente, todo o altiplano boliviano se iluminava, revelando as cores alucinantes do deserto de Siloli. O vermelho mudou para laranja, que se transformou em amarelo bem diante de nossos olhos. É uma visão inesquecível.


A areia vermelha muda para laranja - Foto: Carolina Mitsuka
E depois se transforma em amarela - Foto: Fábio Paschoal
Árvore de pedra - Foto: Fábio Paschoal
Foi então que o vento começou a soprar, e meus dedos, que estavam fora das luvas para manusearem a câmera, congelaram imediatamente. Tirar fotos se tornou uma tarefa difícil naquele momento. Era a hora de partir. Subimos no carro e seguimos em direção à lagoa que muda de cor.
Francisco, Leo, Carol e eu no deserto de Siloli - Foto: Fábio Paschoal

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Altiplano boliviano: as quatro estações em um único dia

Deserto após a chuva, no altiplano boliviano - Foto: Fábio Paschoal
Capítulo 5 da série: Bolívia, onde as montanhas tocam as nuvens

Montanhas, planícies, lagoas, desertos, frio, calor, chuva, neve e sol. A estrada que percorre o altiplano boliviano é inacreditável! É como visitar diferentes países em diferentes épocas do ano num único dia.

Saímos de San Pedro de Quemez, onde vimos ruínas de Pueblo Queimado, uma pequena cidade queimada pelas tropas chilenas que invadiram a Bolívia durante a Guerra do Pacífico em 1879. No final do conflito os bolivianos perderam a província de Antofagasta e ficaram sem saída para mar. Até hoje existe uma rixa entre os dois países, e a Bolívia deseja recuperar o acesso para o oceano Pacífico.

As ruínas de Pueblo Queimado - Foto: Fábio Paschoal

Cactus gigante - Foto: Fábio Paschoal
Paramos a viagem para almoçar ao lado do vulcão Ollague, que fica na fronteira entre a Bolívia e o Chile (nosso próximo destino). Francisco, nosso guia, preparou arroz, bife a milanesa e ervilhas. Procuramos abrigo contra o frio atrás de rochas avermelhadas, com formatos estranhos esculpidos pelo vento e pelas chuvas. Mas não teve muito jeito... a refeição esfriou num piscar de olhos.

Francisco, Carol, Leo e eu. Ao fundo o vulcão Ollague
Seguimos  viagem em direção à Laguna Cañapa, um lugar de águas de diferentes tonalidades. O branco passa para o verde que se transforma em azul. Tudo depende da posição em que a luz incide na lagoa. É só mexer a cabeça para ver a dança das cores. Vicunhas pastam nas margens e cuidam de seus filhotes enquanto passarinhos quebram o silêncio voando de um lado para o outro. O rosa dos flamingos deixa o cenário ainda mais bonito.

Laguna Cañapa - Foto: Fábio Paschoal


Flamingos na Laguna Hedionda - Foto: Fábio Paschoal
Passamos ainda pelas lagunas Hedionda, Chiarkota, Honda e Ramaditas, antes da paisagem mudar completamente: entramos por montanhas repletas de rochas avermelhadas, de diferentes formatos, amontoadas ao lado da estrada (habitat ideal para Viscachas, um roedor que parece uma mistura de chinchila com coelho).

Subimos até 4600 metros e chegamos ao nosso destino: o Hotel Tayka del Desierto, no meio do Deserto de Siloli. Tomamos um chá, jantamos próximos à lareira e seguimos para debaixo das cobertas para enfrentar um frio de - 2°C. Foi um dia espetacular

Vicunha com filhote - Foto: Fábio Paschoal

Deserto de Siloli - Foto: Fábio Paschoal

sábado, 27 de abril de 2013

Salar de Uyuni: onde a Terra encontra o Céu

Salar de Uyuni, o encontro da Terra com o Céu - Foto: Fábio Paschoal
Capítulo 4 da série: Bolívia, onde as montanhas tocam as nuvens

Segundo a lenda, Tunupa, filha do Deus Wiracocha, deu à luz a um menino precoce. O parto foi complicado. Tunapa teve uma hemorragia tão grande que formou o lago Poopó. A criança não resistiu e acabou morrendo. O leite acumulado nos seios da mãe desolada vazou e, junto com suas lágrimas, deu origem ao Salar de Uyuni.


Entrandono Salar de Uyuni - Foto: Fábio Paschoal

O carro parou! Estávamos em uma parte mais elevada do Salar de Uyuni observando a fina camada de água sobre o tapete infinito de sal. O efeito produzido é impressionante. Quando o vento para e a água acalma, fica difícil dizer onde a Terra acaba e o Céu começa. 

Parte mais elevada do Salar de Uyuni - Foto: Fábio Paschoal
Andando nas nuvens - Foto: Carolina Mitsuka
Francisco, nosso guia, deu a partida e começamos nossa viagem pelo maior deserto de sal do mundo. O sal está por tudos os lados e é parte essencial da vida das pessoas que moram por aqui. O sustendo das famílias, a matéria-prima para a construção de casas e artesanato, o tempero para a comida... tudo gira em torno dele.

Os montes são feitos por trabalhadores. O sal é carregados em caminhões e levado para fora do Uyuni - Foto: Fábio Paschoal
Hotel feito com tijolos de sal no coração do Salar do Uyuni - Foto: Fábio Paschoal
Nuvens, montanhas, carros, pessoas... tudo aparece dobrado em um perfeito espelho d'água. O referencial é perdido: o que parece perto está longe, o que parece longe está perto. De tempos em tempos, flamingos cortam o céu e adicionam cor ao espetáculo. A sensação é tão intensa e diferente que você se questiona se o que está vendo realmente está ali. É uma experiência alucinante!


Chuva se formando no Salar de Uyuni - Foto: Fábio Paschoal
O espelho d'água é formado entre dezembro e março - Foto: Fábio Paschoal

sábado, 6 de abril de 2013

Isla del Sol e Isla de la Luna, as belezas do Titicaca

Lago Titicaca, Copacabana, Bolívia - Foto: Fábio Paschoal
Capítulo 3 da série: Bolívia, onde as montanhas tocam as nuvens

Os primeiros raios de sol entraram pela janela e atingiram minha cama. Abri os olhos com aquela preguiça habitual, mas a vista do Lago era tão bonita que resolvi levantar para tirar uma foto. Nuvens negras se aproximavam do Hostal Las Holas, nossa nova casa, mas existiam algumas aberturas que mostravam o azul do céu e traziam a esperança de que o tempo poderia melhorar.

Após um café da manhã reforçado, com direito a mate de coca para combater o soroche (mal de altitude), pegamos um barco em direção à Isla de la Luna. Era hora de explorar o Titicaca.

Explorando o Lago Titicaca,.Rumo a Isla de la Luna
As proporções do Lago são gigantescas. A paisagem é recortada por montanhas com rochas vermelhas, verdes e amarelas. Ilhas de diferentes formas e tamanhos povoam as águas e não é possível ver a outra margem. A sensação que se tem é a de estar em alto mar. 

Após três horas de viagem, chegamos ao nosso destino. Fizemos uma trilha que levava ao ponto mais alto do lugar. A falta de oxigênio me fez parar, com o coração acelerado, algumas vezes para tomar fôlego antes de continuar. Exploramos as ruínas de Iñakuyu e seguimos para a Isla del Sol.

É comum achar pequenas casinhas para fazer oferendas para Pacha Mama na Bolívia - Foto: Fábio Paschoal
Fazendo a trilha para chegar ao topo. A altitude de 5 mil metros faz você perder o fôlego - Foto Fábio Paschoal

As flores tomavam conta da Isla de la Luna - Foto: Fábio Paschoal
No topo da Lua - Foto: Fábio Paschoal
Ruínas de Iñakuyu, Isla de la Luna, Lago Titicaca, Bolívia - Foto: Fábio Paschoal
A Isla del Sol é maior, tem mais gente e também atrai mais turistas do que a Isla de la Luna. Existem diferentes trilhas, algumas levam à ruínas da civilização Inca outras à mirantes. Existe um grande mapa logo na entrada (é preciso pagar 5 bolivianos, o que dá menos de US$ 1), mas ele não é muito claro. Resolvi pegar uma trilha qualquer para explorar o local.

Trilha para o topo da Isla del Sol - Foto de Fábio Paschoal

Burricos - Foto: Fábio Paschoal
Lhamas e burros me acompanharam com olhares curiosos durante o caminho, enquanto cholitas – com seus chapéus característicos e roupas coloridas – esperavam os turistas para cobrar por uma fotografia. Acabei ficando pra trás do grupo para fazer algumas imagens e acabei voltando antes de chegar ao final da trilha para tomar uma cerveja com minha irmã e o namorado dela que haviam ficado na praia. Escolhemos um bar com uma linda vista para o Titicaca e ficamos esperando o barco para voltar pra casa.

Uma foto de uma cholita custa 5 bolivianos

sábado, 16 de março de 2013

Lago Titicaca, o oceano nos Andes

Lago Titicaca - Foto: Fábio Paschoal
Capítulo 2 da série: Bolívia, onde as montanhas tocam as nuvens

Ao abrir os olhos me deparei com uma linda visão: um tapete amarelo de flores seguia da estrada até a beira do lago, que era rodeado por montanhas. Do outro lado, vilarejos com casinhas de barro e campos repletos de ovelhas e lhamas que pastavam tranquilamente. Enquanto o ônibus andava, o Titicaca ficava cada vez mais bonito.

Com dimensões oceânicas, o Lago se perde no horizonte e é impossível saber o que há do outro lado. Picos nevados, rochas verdes e vermelhas, gaivotas, patos, água de um lado, água do outro... Parece que não tem fim.

Após cinco horas de viagem chegamos ao nosso destino: Copacabana. Descemos do ônibus e nos dirigimos diretamente ao Hostal Las Olas. O caminho era curto, mas a altitude e o peso das malas deixaram tudo muito mais difícil. Ao puxar o ar, em busca de oxigênio a mais de 5000 metros, você sente como se estivesse sendo sufocado. Precisamos parar algumas vezes durante o caminho, mas chegamos ao nosso destino.

Chalé do Hostal Las Olas - Foto: Fábio Paschoal
Não poderíamos ter escolhido melhor. Nosso quarto fica em uma montanha com uma vista incrível para o lago. O quarto tem uma janela gigantesca (deve ter uns 6 metros de altura por 5 de largura), lareira para as horas de frio, um mezanino com uma rede para descanso uma sala para receber visitas e um fogão para fazer comida se você prefere preparar as refeições.

Redes na frente do chalé - Foto: Carolina Mitusuka
Os restaurantes bons e baratos não são difíceis de encontrar, mas você vai ter que bater um pouco de perna. Com 25 bolivianos, o equivalente a US$ 3, você faz uma refeição com entrada, prato principal e sobremesa, mas cuidado com sucos, gelo e saladas, pois a água não é segura nem para escovar os dentes (segundo uma placa no banheiro do nosso quarto).

Andamos pela cidade, compramos umas cervejas e fomos para o hostal ver o pôr do sol encerrar o dia.

Mesa da cerveja - Foto: Carolina Mitsuka

quinta-feira, 7 de março de 2013

La Paz, a capital mais alta do mundo

Vale da Lua, em La Paz, Bolívia - Foto: Fábio Paschoal
Capítulo 1 da série: Bolívia, onde as montanhas tocam as nuvens

Vejo um tapete branco de nuvens que vez ou outra é quebrado pelos picos nevados dos Andes. É fevereiro, época das chuvas e do degelo na Bolívia, e as águas descem das montanhas formando rios que esculpem a paisagem com uma força surpreendente. Pequena e encravada no coração da cordilheira – a mais de 3500 metros de altitude – vejo La Paz, a capital mais alta do mundo.

A cidade fica em um vale, rodeada por montanhas compostas de minerais diferentes que compõem um mosaico de cores muito bonito. Vermelho, amarelo, cinza e marrom contrastam com o verde da floresta que ainda permanece por ali.

Cidade de La Paz, Bolívia - Foto: Fábio Paschoal
Ao descer do avião a chuva e o frio me fizeram sair do aeroporto direto para o taxi. Segui para o Hostel Maya Inn, onde encontrei minha irmã, Carolina ,e o namorado dela, Leonardo. Eles haviam chegado no dia anterior e ambos sofriam com o soroche, o mal de altitude. Dor de cabeça, enjoo, mal estar, tontura e dificuldade para dormir são os principais sintomas causados pela menor concentração de oxigênio encontrada em altitudes elevadas. Para melhorar a situação os bolivianos recomendam mascar folhas de coca (que me fez ficar com vontade de vomitar) ou tomar um chá (que é menos pior).

Raúl, nosso guia, não demorou muito para chegar. Após as devidas apresentações ele nos levou para o Vale da Lua, um lugar com formações de argila esculpido pelas chuvas e pelo vento. A tonalidade amarelada dá a impressão de que estamos andando em outro planeta.

Vale da Lua, La Paz, Bolívia - Foto: Fábio Paschoal
De lá seguimos para um mirante, com uma visão panorâmica da cidade, e depois nos dirigimos para a Plaza Murillo, onde estão a Catedral de La Paz e o Palácio Presidencial. Aproveitamos para experimentar as deliciosas salteñas, uma espécie de empanada feita com massa adocicada e recheio suculento, uma iguaria típica do local. Para comer é preciso morder a ponta e o recheio e o caldo com uma colher. É um sabor único e muito gostoso.

Plaza Murillo. Catedral de La Paz à direita e Palácio Presidencial à esquerda - Foto: Fábio Paschoal

Menino brinca com pombas na Plaza Murillo, em La Paz, Bolívia - Foto: Fábio Paschoal
Também visitamos a Calle de las Brujas para comprar folhas de coca e combater o soroche. Lá descobrimos que o nome da rua vem dos rituais que as cholas realizam com doces, ervas e fetos de lhama (que ficam em exposição para serem comprados por qualquer pessoa que deseje melhorar a vida).

Calle de las Brujas, La Paz, Bolívia (Há um feto de lhama pendurado na primeira loja à esquerda) - Foto: Fábio Paschoal
Terminamos o dia no Restaurante Lunas, na Rua Sagárnaga, onde comemos uma ótima carne de lhama com molho de pimenta.

Cholas vendendo frutas, legumes e flores, na Bolívia - Foto: Fábio Paschoal

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Bolívia, onde as montanhas tocam as nuvens

Escudo da Bolívia - Foto: Fábio Paschoal
Introdução

Essa viagem começou com uma obsessão: conhecer o espelho d'água do Salar do Uyuni. Para isso era preciso enfrentar o Altiplano Boliviano durante a época das chuvas. Preparamos tudo para chegar fevereiro, sabendo que haveria o risco de nossa entrada no deserto de sal ser impedida pelo nível da água que inunda a planície durante essa época.

Estávamos preparados para enfrentar montanhas, planícies, desertos, frio, calor, chuva, sol e até neve. Em um único dia no altiplano você passa pelas quatro estações do ano e visita habitats totalmente diferentes. É como passar por diferentes países em diferentes épocas do ano em um piscar de olhos.

Não seria minha primeira viagem aos Andes. Antes da minha ida para Galápagos conheci o lado equatoriano da Cordilheira em uma passagem rápida, que deixou um desejo incontrolável de voltar. O roteiro passa pelo Lago Titicaca, Salar de Uyuni, Deserto de Siloli, Laguna Colorada e Sucre. Depois partiremos para o Chile, onde iremos conhecer o deserto mais seco do mundo, o Atacama.

Minha vontade de explorar os recantos mais altos da América do Sul é imensa. Estou pronto para ouvir as montanhas e conversar com elas. Olhar para o céu, reencontrar a Via Láctea e viajar nas histórias da mitologia grega. Assistir aos vermelhos e laranjas trazidos pelo sol quando ele chega ou vai embora, ver o cor de rosa dos flamingos, observar a vida selvagem... Que falta ela faz.

Nesse momento me encontro no avião, e a cidade de La Paz começa a aparecer, encravada no coração da Cordilheira. Chegou a hora!