Pesquisar este blog

sábado, 28 de junho de 2008

Quem não tem Onça caça com Jaguatirica

Jaguatirica (Foto de Edir Alves)


No café da manhã só se falava da Onça, os hóspedes até me pediram para encomendar uma para a focagem noturna. Respondi que já havia feito isso, mas o entregador não era muito bom e quase nunca atendia os pedidos. O dia prosseguiu, fizemos o Caiman tour (passeio especial para ver os jacarés), canoa e voltamos para a pousada. Ao chegar na Baiazinha o Eder passou um rádio dizendo que havia visto duas Onças perto da Cordilheira do 11... Era muito longe pra chegarmos a tempo, então faríamos a focagem nas proximidades da pousada mesmo. Esse assunto permanece sempre em sigilo para não criar falsas expectativas, assim a informação morria ali... Morreria, se o professor, que estava ali pra ensinar inglês para o Didi (guia de campo), não tivesse ouvido a conversa... Assim que sentamos para o jantar ele comentou: "O outro grupo viu duas Onças!" Lancei um olhar fulminante para ele naquele momento! E segundos depois ele entendeu o porquê: Os hóspedes começaram a perguntar se iríamos ver a Onça, se o lugar que elas estavam era muito longe, se daria tempo da gente chegar e só se falou nisso durante o jantar inteiro... Todos ficaram ansiosos para começar a focagem e se não víssemos algo realmente extraordinário tudo seria um fracasso! Conversei com o Didi e decidimos mudar o trajeto. Iríamos para a Sede tentar ver a Jaguatirica na Ponte do Paizinho, já que ela havia sido avistada por ali duas vezes na semana anterior. Ao entrar na ponte pude observar dois olhos brilhando, a pulsação foi aumentando enquanto o caminhão se aproximava e a luz deixava o animal cada vez mais visível! Era a silhueta de um felino! Era ela! Novamente! A Jaguatirica! Não importa quantas vezes você olhe para um felino, todas as vezes são extraordinárias! E dessa vez ela deu um show: Primeiro estava deitada de costas para nós observando um riacho a sua frente, depois se levantou e começou a andar, se distanciando do caminhão. Quando estava cruzando o riacho um peixe se movimentou, a Jaguatirica assustou, e deu um salto com meio giro! Caiu de frente para nós e veio correndo em nossa direção! Fez uma curva e entrou no mato! E então só se ouvia o silêncio. Então comecei a chamá-la, imitando o barulho de um animal morrendo. Não se ouvia nada, a vegetação estava seca e mesmo assim era impossível ouvir os passos do felino! É completamente surreal... De repente vimos os arbustos se movimentando, e ela saiu sem fazer nenhum som! Veio andando de frente pro caminhão! Parou a mais ou menos 3 metros e ficou nos fitando por uns 30 segundos! Depois se virou e desapareceu na escuridão da floresta, silenciosamente! Fantástico! Maravilhoso! A Jaguatirica salvou o dia mais uma vez! Ao acabar o passeio fiz o discurso final com entusiasmo: "Hoje é nosso último passeio por aqui. Eu sei que todos vocês queriam ver a Onça, mas como vocês notaram o Pantanal é muito mais do que a Onça! Nós vimos paisagens incríveis, aves maravilhosas, mamíferos de tirar o fôlego e de quebra ainda vimos um felino! A Jaguatirica! Que cá entre nós, é mais difícil do que ver a Onça! Obrigado por tudo! Espero que vocês tenham gostado e que tenham uma ótima noite! Até amanhã”.

Nenhum comentário: