Bicho do dia

Cafézinho (Wattled Jacana)

Uma das aves mais comuns dos brejos e margens dos rios pantaneiros. Possui pés enormes com dedos muito alongados que o permite andar e correr sobre as plantas aquáticas como se estivesse em solo firme. Essa característica lhe rendeu um de seus nomes em inglês: Jesus Bird (Passaro Jesus Cristo) pois parace que está andando sobre a água. Se alimenta de invertebrados que encontra nos aguapés, mas pode comer grãos. Vivem aos pares ou em pequenos grupos sendo que a fêmea é maior do que o macho. No período de acasalamento a fêmea se acasala com mais de um macho, cada um monta um ninho formado por talos de plantas aquáticas. Os machos tomam conta dos ovos e dos filhotes enquanto a fêmea defende o território contra invasores. A fêmea é bastante agressiva, voa em direção ao intruso emitindo um canto de alarme e ao pousar abre as asas mostrando sua coloração amarela e seus esporões.

Avistado na Baía da Sede

Quem não tem Onça caça com Jaguatirica

Jaguatirica (Foto de Edir Alves)

No café da manhã só se falava da Onça, os hóspedes até me pediram para encomendar uma para a focagem noturna. Respondi que já havia feito isso, mas o entregador não era muito bom e quase nunca atendia os pedidos. O dia prosseguiu, fizemos o Caiman tour (passeio especial para ver os jacarés), canoa e voltamos para a pousada. Ao chegar na Baiazinha o Eder passou um rádio dizendo que havia visto duas Onças perto da Cordilheira do 11... Era muito longe pra chegarmos a tempo, então faríamos a focagem nas proximidades da pousada mesmo. Esse assunto permanece sempre em sigilo para não criar falsas expectativas, assim a informação morria ali... Morreria, se o professor, que estava ali pra ensinar inglês para o Didi (guia de campo), não tivesse ouvido a conversa... Assim que sentamos para o jantar ele comentou: "O outro grupo viu duas Onças!" Lancei um olhar fulminante para ele naquele momento! E segundos depois ele entendeu o porquê: Os hóspedes começaram a perguntar se iríamos ver a Onça, se o lugar que elas estavam era muito longe, se daria tempo da gente chegar e só se falou nisso durante o jantar inteiro... Todos ficaram ansiosos para começar a focagem e se não víssemos algo realmente extraordinário tudo seria um fracasso! Conversei com o Didi e decidimos mudar o trajeto. Iríamos para a Sede tentar ver a Jaguatirica na Ponte do Paizinho, já que ela havia sido avistada por ali duas vezes na semana anterior. Ao entrar na ponte pude observar dois olhos brilhando, a pulsação foi aumentando enquanto o caminhão se aproximava e a luz deixava o animal cada vez mais visível! Era a silhueta de um felino! Era ela! Novamente! A Jaguatirica! Não importa quantas vezes você olhe para um felino, todas as vezes são extraordinárias! E dessa vez ela deu um show: Primeiro estava deitada de costas para nós observando um riacho a sua frente, depois se levantou e começou a andar, se distanciando do caminhão. Quando estava cruzando o riacho um peixe se movimentou, a Jaguatirica assustou, e deu um salto com meio giro! Caiu de frente para nós e veio correndo em nossa direção! Fez uma curva e entrou no mato! E então só se ouvia o silêncio. Então comecei a chamá-la, imitando o barulho de um animal morrendo. Não se ouvia nada, a vegetação estava seca e mesmo assim era impossível ouvir os passos do felino! É completamente surreal... De repente vimos os arbustos se movimentando, e ela saiu sem fazer nenhum som! Veio andando de frente pro caminhão! Parou a mais ou menos 3 metros e ficou nos fitando por uns 30 segundos! Depois se virou e desapareceu na escuridão da floresta, silenciosamente! Fantástico! Maravilhoso! A Jaguatirica salvou o dia mais uma vez! Ao acabar o passeio fiz o discurso final com entusiasmo: "Hoje é nosso último passeio por aqui. Eu sei que todos vocês queriam ver a Onça, mas como vocês notaram o Pantanal é muito mais do que a Onça! Nós vimos paisagens incríveis, aves maravilhosas, mamíferos de tirar o fôlego e de quebra ainda vimos um felino! A Jaguatirica! Que cá entre nós, é mais difícil do que ver a Onça! Obrigado por tudo! Espero que vocês tenham gostado e que tenham uma ótima noite! Até amanhã”.

Bicho do dia

 Casal de Tuiuiús/ A couple of Jabiru Storks

Tuiuiú (Jabiru Stork)

O Tuiuiu é o símbolo do Pantanal. É a maior cegonha do mundo e pode chegar a até 2,50 metros de envergadura e 1,50 de altura. Não é um animal muito pesado (8 Kg) o que o permite alcançar grandes alturas justificando seu nome: passáro que voa alto em tupi guarani. Se alimenta de peixes, anfíbios, pequenos mamíferos e tem um papel importante na cadeia alimentar, pois se alimenta de peixes mortos na época da seca. Tem um colar vermelho no pescoço devido ao grande fluxo sanguíneo que se dirige para essa região onde se da o início da digestão. Quando está em período reprodutivo o macho e a fêmea buscam varetas para a construção do ninho que pode ter um tamanho descomunal, já que tem que sustentar de dois a quatro filhotes além dos pais.

Avistado no Circuito da Baiazinha (Foto de Fábio Paschoal)

Bicho do dia

Queixadas (White lipped peccary)

(Foto de Fábio Paschoal)

Vivem em grupos de até 200 indivíduos. Se comunicam através de sons e do cheiro. Normalmente andam em fila, mas é possível que se dividam em subgrupos menores. Como os bandos são muito grandes precisam percorrer longas distâncias para encontrar novos locais de alimentação. São animais onívoros e procuram comida cavando buracos com a ajuda de seu focinho em forma de disco. Os bandos possuem sentinelas e quando existe alguma ameaça os mesmos emitem um alarme para avisar os outros com um estalar de dentes característico. Se encurralados são muito ariscos, eriçam os pelos das costas e podem atacar. O bando sempre volta para defender um indivíduo sozinho. Existem relatos de grupos de queixadas que mataram onças.

Avistados no caminho entre a Cordilheira e o Retiro Arara.

Tem coisas que só a Jaguatirica faz por você!

Jaguatirica (Foto de Edir Alves, Didi)

Lá estava eu! Animado para pegar meu primeiro grupo como guia sem nenhum supervisor. E comecei na minha Pousada favorita, a Baiazinha. A programação estava montada para 3 noites. Começando com arredores e apresentação de slides. Os primeiros hóspedes chegaram para o almoço, era uma família de holandeses: Harry e Gerarda e seus filhos, Justus e Diedi (9 e 7 anos respectivamente). Antes do jantar chegaram mais dois hóspedes: Shuna, inglesa e Raphael, brasileiro... Sabia que para agradar aos holandeses teria que agradar aos filhos deles, então perguntei: "Vocês tem uma lista dos desejos?" e o Justus respondeu: "Tiger (tigre)!" O Tigre já é difícil de ser visto na Ásia, agora no Brasil já é impossível! Então respondi: "Não existem tigres aqui, mas existem Tiger Herons (Socó Boi) e eu vou achar um pra você... Tem algum outro bicho?" "Quero ver um felino!" aí respondi: "Felinos são muito difíceis de serem vistos, você precisa ter fé!" Então me virei pra Diedi e fiz a mesma pergunta e ela respondeu: "Tucano!" Fiquei bem feliz em ouvir isso, pois os tucanos não são difíceis de serem avistados. Assim prometi que acharia um tucano pra ela, um Tiger Heron pro Justos e o felino... Seria muito difícil, era um pacote de 3 noites com uma única focagem...
No dia seguinte fomos fazer o Caiman tour. Durante o percurso cumpri uma das promessas e quase deu pra cumprir a outra: avistei um Tiger Heron pro Justos e dois tucanos em uma árvore, mas eles voaram rápido... Todos conseguiram ver, exceto pela Diedi... Ela ficou triste, mas eu disse que iria achar outro tucano... O passeio prosseguiu e os garotos adoraram! Chegamos bem perto dos jacarés, tiramos fotos e ficamos bastante tempo falando sobre eles... Na volta paramos na sede para ir ao banheiro e enquanto estávamos esperando o brasileiro chegar passou um Tucano voando... Eu apontei e gritei: "Tucano voando!" Todos voltaram seus olhares pra ele, mas foi muito rápido e novamente a Diedi não o avistou. Então peguei a mão dela e disse: "Vamos achar esse tucano pra você!" Saímos rápido e na primeira curva que fizemos... Não encontramos nada! Mas eu sabia que ele havia pousado por perto e saímos procurando... Então olhei para uma árvore no meu lado direito e lá estava ele, bem do nosso lado! Deu pra ver direitinho, com todos os detalhes! E dessa vez a Diedi viu também! Só faltava o felino... A tarde fizemos uma caminhada fantástica pela trilha do Angico Sujo. Vimos um bando de queixadas, dois pica paus, um surucuá, um bando de catetos, um grupo de Macos Prego, um João Pinto do Brejo e um casal de Bugios! Todos animais incomuns, mas todos juntos, na mesma trilha, era inacreditável! Já estava muito bom! Mas ainda havia a focagem e com ela estava a nossa grande chance de completar os desejos das crianças... Começamos às 20:00 e após uma meia hora não vimos nada... Aí apareceu um lobinho, depois um grupo gigante de Queixadas, mais ou menos 100 indivíduos! Aí veio um Tamanduá Bandeira bem de longe, depois um mais de perto, depois um com o filhote e assim foi até completar cinco. E o dia era de Tamanduá mesmo! Depois de ver cinco Bandeiras o Mirim apareceu correndo do lado do Zebrão! Na volta ainda vimos um Mocho Orelhudo (coruja). A focagem estava ótima, mas o melhor ainda esta por vir: Ao passar pela ponte do Paizinho o Didi (guia de campo) gritou "olha ali!" E mais uma vez estava lá! Olhando pra gente! No mesmo lugar da primeira vez! Era ela! A Jaguatirica! Inexplicável! Esse animal tem alguma coisa especial comigo! Foi a terceira vez em 10 dias que vi esse bicho! O Eder (caimaner) está aqui há 9 meses e só a viu duas vezes! É impressionante, sempre que vejo esse bicho algo extraordinário acontece! Dessa vez ela veio pra completar o desejo das crianças! Tem coisas que só a Jaguatirica faz por você!

Bicho da noite

Tamanduá Mirim (Lesser Anteater)

Animal solitário de hábitos arborícula e noturno. Se alimenta de formigas, cupins e abelhas. Utiliza suas garras frontais para destruir ninhos e encontrar suas presas. Para manter suas garras sempre afiadas anda de um modo peculiar: com a parte traseira das patas dianteiras voltadas para o chão. Possui um rabo preênsil que utiliza como quinto membro quando está nas árvores. Após o nascimento do filhote, a mãe o carrega nas costas por um período e o deposita em um galho seguro quando desce para procurar alimento. Se ameaçado produz um cheiro forte por uma glândula anal e se a situação piorar fica em pé em suas patas traseiras e abra as patas dianteiras mostrando suas garras afiadas pronto para dar um abraço nada amistoso.

Avistado no circuito da Sede

Bicho do dia

Cervo do Pantanal (Marsh Deer)

A maior espécie de veado da América do Sul! Pode chegar a 2 m de comprimento e pesar 150 Kg. Vive em áreas alagadas com até meio metro de profundidade e possui um casco característico com membranas interdigitais que é muito útil quando eles estão nadando. É um animal solitário, mas que pode ser encontrado em grupos pequenos de até 5 indivíduos. Come folhas, frutos e raízes tenras! Seus predadores naturais são a Onça e a Onça Parda e a principal ameaça é a perda de habitat

Avistado proximo ao retiro São Domingos (foto de Fábio Paschoal)

The Biggest Twitch

Jaguatirica (Ocelot)

This is a special picture! It was given to me by Alan and Ruth. They are wonderful people! They have given up their jobs and are dedicating a whole year to travelling around the world to set a new world record by seeing more birds in a single year than ever achieved before.

The current world record for species recorded in a calendar year stands at 3,662.

Until now they saw 2,400 different spicies and i really hope that they break the record because they are working really hard to do it! Their site is amazing:

http://www.thebiggesttwitch.com/

So I would like to say thanks to you, Alan and Ruth! Not only for the picture, but also for the great friendship! You guys are awesome! I am your fan! Don't forget to tell me about your book! I want to read it!

Essa é uma foto muito especial! Ela foi cedida pela Ruth e pelo Alan, pessoas incríveis! Os dois saíram do emprego, venderam a casa e resolveram viajar pelo Mundo para bater o recorde de aves avistadas em um ano! O site deles é incrível:

http://www.thebiggesttwitch.com/

Hoje o recorde é de 3662 e até agora eles viram 2400! Com certeza vão bater o recorde! Eu estou torcendo muito por eles porque eles merecem!

A fé move montanhas!

Lá estava eu! Pronto pra dividir mais um pacote com o Vitinho. Estávamos com seis hóspedes muito animados! Um casal de portugueses, um casal de australianos e um casal de ingleses. No segundo dia do pacote já havíamos visto muitos bichos. Naquele momento, estávamos saindo para fazer o circuito da baiazinha e voltaríamos fazendo focagem noturna. O circuito foi fantástico! Os hóspedes tiraram fotos maravilhosas! Ainda vimos dois Tamanduás Bandeira, sendo um com o filhote nas costas! No entanto a focagem não foi muito boa. Vimos somente dois mamíferos meio comuns: Veado catingueiro e Lobinho. O terceiro dia começou com Caiman tour... No Safari de volta vimos um lobinho e não demos muita importância pois já havíamos visto antes e passamos por ele rapidamente... Logo depois que chegamos na Baiazinha a Fernanda (responsável pelo treinamento dos guias) chegou junto com o grupo que ela estava guiando: um casal de americanos muito bacana que quer bater o recorde mundial de aves avistadas em um ano. Eles disseram que viram o mesmo lobinho que nós, mas 20 minutos depois. E ele estava com o pelo todo eriçado! Quando eles olharam pra mata entenderam porque: A Jaguatirica estava ali! Na frente do lobinho e de todos eles! Nós a perdemos por alguns instantes... Durante o almoço contei para os hóspedes a história da primeira vez que vi a Jaguatirica ("A primeira vez a gente nunca esquece") e a Jenny falou: "você bem que podia achar uma Jaguatirica pra gente" e eu respondi: "Você tem que ter fé! Você tem que ter fé!" Fizemos um passeio de canoa a tarde e durante o jantar os hóspedes estavam discutindo se iriam ou não na focagem porque estava muito frio... A Jenny me perguntou: "Nós não vimos quase nada ontem, nós vamos ver algo hoje?" Eu respondi: "Cada dia é um dia diferente aqui no Pantanal! A Jaguatirica está por perto. Você tem que ter fé!" Então ela decidiu ir. Saímos às 20:00 e quando estávamos passando pelo melhor ponto da Caiman para ver onças decidimos parar e usar o esturrador (aparelho que imita o som da onça). Depois de uns cinco minutos vimos algo se movimentando! Estava saindo dos arbustos e tinha uma forma de felino! Mas não era a onça! Era ela! A Jaguatirica! Mais uma vez! Incrível! Indescritível! A Jaguatirica já é meu animal favorito no Pantanal! Sempre que falo nela algo mágico acontece! Duas Jaguatiricas em menos de 10 dias! Inacreditável! Passou em frente ao caminhão! A menos de um metro da gente!A focagem prosseguiu e foi maravilhosa, vimos mais cinco espécies de mamíferos! Ao término do passeio disse aos hóspedes: "Como vocês puderam observar cada dia é um dia diferente aqui no Pantanal! Às vezes nós vemos pouco, as vezes nós vemos muito! E hoje nós vimos um felino! A Jaguatirica! É preciso ter fé, porque a fé move montanhas!"

Bicho da noite

Jaguatirica (Ocelot)

Animal ameaçado de extinção pelo tráfico de animais! Sua pela tem grande valor no mercado negro e as pessoas os compram como animais de estimação. O problema é que os animais capturados sofrem maus tratos e de cada 10 animais tirados da natureza pelos traficantes 9 morrem antes de chegar ao comprador. Assim, se uma pessoa compra uma Jaguatirica, essa mesma pessoa está matando outras nove!

Avistada na estrada entre a Baiazinha e a Sede no melhor açude para se ver onça aqui na Caiman.

É incrível poder ver animais assim na natureza, chega até a arrepiar!

Foto gentilmente cedida por Alan and Ruth que estão viajando o mundo inteiro com o objetivo de bater o recorde mundial de aves avistadas no ano. Os dois se demitiram, venderam a casa e decidiram viajar pelo mundo! O site deles é muito bom, recomendo para todos:

http://thebiggesttwitch.com/

Bicho do dia

Colhereiro (Roseate Spoonbill)

São inconfundíveis: possuem um bico em forma de colher que utilizam para se alimentar. Ficam com as duas espátulas semi abertas forrageando o fundo dos açudes até que algo (principalmente crustáceos) toquem a parte interna do bico e aprisional o animal entre suas colheres. Então começam a balanlçar a cabeça para que a lama saia e só sua presa seja ingerida. Sua cor rosa é devido a sua alimentação: os crustáceos possuem pigmentos vermelhos que se alojam nas penas da ave. São monogâmicos durante uma temporada, sendo que o macho pega gravetos para a construção do ninho, porém é a fêmea que o constroi. Colocam em média 3 ovos e se revezam para chocar. Quando o filhote nasce seu bico ainda não apresenta o formato característico, mas conforme vão crescendo ele vai tomando forma.

Avistado no Circuito da Baiazinha

Bicho do dia

Quati (Coati)

Em tupi Guarani quati significa nariz pontudo. São animais que vivem em bandos de mais ou menos 20 indivíduos. Possuem um nariz muito sensível e olfato muito apurado e quando pulam de um galho para o outro protegem o focinho. Comem qualquer coisa que conseguem achar (são onívoros) e fazem ninhos em cima das árvores. Quando andam em campo aberto todos os membros do grupo levantam a cauda. Dessa maneira cada integrante do grupo sabe o lugar onde cada companheiro se encontra.

Avistados na Trilha da Cordilheira do 11

Nem tudo que reluz é onça

Já passava das 20:00 quando entramos no zebrão para fazer a focagem noturna. O grupo tinha 6 pessoas e estava bastante animado! Todos, é claro, queriam ver a onça! Mas o caminhão foi andando, o tempo foi passando, o frio aumentando e nenhum animal aparecia... Muito menos a onça. Foi aí que aconteceu: estávamos passando perto de uma boiada e os bois começaram a correr desesperadamente! Era ela! A Onça! Quando os bois começam a correr assim só pode ser. Então pegamos o esturrador (uma espécie de cuica que imita o som da onça) e começamos a esturrar. Decidimos sair da estrada e procurar pelo campo... De repente vimos dois olhos grandes e azuis brilhando com a luz do Silibim! Era ela! Com certeza! Estava ali! mas ainda estava longe e não dava pra ver o contorno do bicho. Resolvemos desligar a luz e esperar pra ver se ela se aproximava. Quando ligamos o silibim novamente vimos o brilho mais longe. Então decidimos tentar a aproximação... O zebrão foi andando lentamente e dessa vez só conseguiamos ver um olho no meio dos arbustos. Paramos e olhamos com o binóculo, mas tudo que se observava era o brilho do olho! Um hóspede chegou a dizer que conseguiu ver o contorno e que era um felino com certeza. Ficamos lá uma meia hora, esturrando, iluminando, fazendo silêncio e o olho continuava lá... Aí decidimos desistir, pois já estava ficando tarde. Quando estávamos ligando o caminhão uma hóspede pediu: "ilumina mais uma vez só pra ter certeza..." Aí o Leo colocou a luz no mesmo local e uma coisa incrível aconteceu: A Onça voou e voltou para o mesmo lugar... Pois é, os hóspedes também não engoliram essa... Tivemos que dizer a verdade: Era um passarinho. A gente perdeu a Onça quando apagou a luz pela primeira vez. Foi bom pra aprender: Nem tudo que reluz é onça

Bicho do dia

Bugio (Howler Monkey)

Nativos das florestas da América do Sul e Central vivem em grupos de 3 a 12 indivíduos chefiados por um macho. Alimentam-se predominantemente de folhas, flores, brotos, frutos e caules de trepadeiras. São conhecidos pelo som grave e alto que pode ser ouvido por toda a floresta, havendo sons específicos para cada situação. Possuem pelos compridos em volta da cara que formam uma espécie de barba e sua calda é preênsil. O macho é preto e a fêmea dourada e quando têm filhote, o mesmo fica agarrado à mãe durante os primeiros meses de vida.

Animal ameaçado de extinção por perda de Habitat.

Avistado na trilha da Cordilheira do 11

A primeira vez a gente nunca esquece!

Fui informado no sábado à noite que faria meu primeiro pacote como guia principal. O Eder (caimaner como eu) iria me acompanhar como supervisor, o Guia de Campo era o Juarez. Cheguei na pousada Baiazinha logo depois do almoço e fiquei esperando pelos hóspedes, que chegaram perto das duas da tarde. Era um casal da Inglaterra: Karen e Terence. Fizemos uma caminhada pelos arredores e a arara azul estava em seu ninho para nos dar as boas vindas e começar bem o passeio. De noite, após a janta, fiz a apresentação de slides sobre o Pantanal e a Caiman observado pelo Thiago e pelo João, meus dois supervisores.
No dia seguinte fizemos uma caminhada na trilha do Angico Sujo e voltamos para o almoço. Durante o almoço estava conversando com a Karen e perguntei se ela tinha uma lista dos desejos, e ela respondeu: "Quero ver a Jaguatirica, a Onça e o Tamanduá". O Tamanduá é mais fácil de ser avistado, mas a Onça é muito difícil e a Jaguatirica é ainda mais. Seria uma tarefa muito difícil. Conversei com o Juarez e resolvemos mudar a programação e fazer uma focagem noturna depois do safari ao invés da caminhada noturna. O Juarez disse na brincadeira: "A gente faz a focagem e vê o Tamanduá na ida e a Onça na volta" e eu complementei: "e no meio a gente ve a Jaguatirica!" tudo na brincadeira... Depois do safari peguei o silibim e começei a focagem... Quando estávamos passando a ponte do Paizinho, onde ficam muitos jacarés, eu comecei a virar a lanterna em direção a eles e o Eder me orientou: "Não mostra os jacarés agora, mostra só na volta" nesse momento eu vi a Jaguatirica! Aí dei várias pancadas no teto do caminhão pro Juarez parar. O Eder se levantou e já estava tirando o Silibim da minha mão! Eu estava meio atordoado, o bicho era incrível! Estava do nosso lado, a uns 4 metros de distância! Eu não conseguia nem falar direito: "Olha ali! Olha ali! Olha ali! Jaguatirica! Aí o Eder viu e fez-se um silêncio dentro do Zebrão (o caminhão de safari). Ela ficou nos olhando por uns quatro minutos e entrou na mata. No momento em que ela saiu do nosso campo de visão começamos a comemorar! Foi fantástico! Meu primeiro grupo como guia e vimos uma Jaguatirica! Não podia começar melhor! Ainda mais porque constava na lista de desejos da Karen! A sensação é indescritível! Estava tão emocionado que nem lembrei de pegar a câmera pra tirar foto. Fiquei com o sorriso da Jaguatirica pelo resto do pacote! Na verdade ele permanece até hoje... Passada a euforia vimos ainda um Tamanduá Mirim que também constava da lista dos desejos! Foi o melhor dia que passei aqui no pantanal até agora!Dia seguinte acordamos para o passeio aventura: Safari matinal até o retiro Arara, passeio de cavalo até o rio Aquidauana, canoa até o retiro São Domingos e focagem vespertina até a Baiazinha. Dia cansativo, mas muito proveitoso... Pra fechar o passeio vimos um Tamanduá Bandeira.
O dia seguinte foi relaxante: Fizemos Caiman Tour, para ver os jacarés bem de perto, comemos churrasco pantaneiro no almoço e à tarde fizemos um passeio de canoa para ver o por do sol e fechar o dia com chave de ouro.
O pacote ainda não havia terminado, mas o Thiago já havia me escalado pra guiar sozinho a Fundação Bradesco no dia seguinte. Fiquei triste por não poder finalizar o meu primeiro tour, mas fiquei muito feliz por meu trabalho estar sendo reconhecido! Me despedi da Karen e do Terence e eles disseram que haviam adorado, que não queriam ir embora, que sentiam muito por eu não poder terminar o passeio com eles e pediram pra tirarmos uma foto juntos!
Fiquei muito feliz com a minha primeira vez! Acho que não poderia ter sido melhor! Como dizem por aí: A primeira vez a gente nunca esquece!

Bicho do dia

Arara Azul (Hyacinth Macaw)

A maior arara do mundo! Infelizmente é um animal ameaçado de extinção devido ao desmatamento e ao tráfico de animais entre outros fatores. Coloca mais de 90% de seus ovos em uma árvore específica, o Manduvi (também pode utilizar a Ximbuva). No entanto, a arara azul nunca começa um ninho em uma árvore, é necessário que o buraco (que pode surgir com um galho quebrado ou ser feito por um pica pau) exista para que a arara comece a moldar a entrada do ninho. Ela se alimenta somente das sementes (muito duras) de duas palmeiras: o acuri, que frutifica o ano inteiro e a bocaiuva que da fruto durante seis meses do ano. São animais monogâmicos e depois que formam um par permanecem unidos até o final da vida. Colocam em média 3 ovos, mas na maioria das vezes só um filhote sobrevive. Existe cuidado parental, sendo que o filhote permanece com os pais por mais ou menos um ano e meio.

Avistadas em todos os lugares aqui na caiman graças ao Projeto Arara Azul (http://www.projetoararaazul.org.br/arara/) que conseguiu elevar o número de indivíduos da espécie no Pantanal de 1500 para 5000 em 20 anos de projeto.

Bicho do dia

João Pinto (Troupial)

Pássaro com mais ou menos 12 cm de comprimento. Não constroi ninhos, expulsa passarinhos menores de seus ninhos e bota seus ovos. Incrível como um passaro tão laranja pode sobreviver em meio ao verde das folhas!

Avistado no circuito da Baiazinha

Bicho da noite

Jaguatirica (Ocelot)

Animais de hábitos noturnos, passam o dia dormindo em galhos de arvores ou escondidos na vegetação, podem ser encontrados em pares.

É um animal generalista, alimenta-se de roedores, macacos, morcegos, cobras e lagartos. Podem comer ovos, caçar aves e também são bons pescadores.

Animal ameaçado por caçadores que querem a sua pele e por pessoas que os compram com animais de estimação.

Vi esse animal na natureza e fiquei tão emocionado que esqueci até de tirar foto. É de tirar o fôlego. Meu primeiro felino aqui no pantanal no meu primeiro grupo como guia! Indescritível!

Avistado na ponte do Paizinho.

Bicho do dia

Filhote de Tamanduá Bandeira/ Baby Giant Anteater

 Tamanduá Bandeira (Giant Anteater)

O Tamanduá Bandeira se alimenta de formigas e cupins com sua lingua pegajosa com mais de 30 cm. É um animal único encontrado somente nas Américas Central e do Sul. Anda em cima dos nódulos dos dedos para manter suas garras afiadas podendo procurar por alimento e se defender. Possui uma articulação na coluna que o permite ficar apoiado somente nas patas traseiras, quando desfere o famoso abraço do Tamanduá. Com esse abraço o Tamanduá Bandeira pode matar até uma Onça. Quando vai dormir utiliza seu rabo como um cobertor, coloca-o sobre o corpo para se proteger do frio e acaba ficando camuflado como um arbusto.

Possui uma banda preta e triangular nas laterais do corpo muito interessante: O Tamanduá Bandeira carrega o filhote nas costas, como o filhote também possui a banda preta e triangular nas laterais, as bandas se sobrepõe. Com isso fica quase impossível de dizer que há um filhote nas costas da mãe evitando que predadores venham comer o pequenino tamanduá bandeira.

Avistado na estada entre a baiazinha e a sede

Bicho do dia

Jacaré do Pantanal (ParaguayanCaiman)

Animais que podem chegar a 3 metros de comprimento dependendo da disponibilidade de comida. Seus dentes são a melhor forma de infentificar a idade, conforme o tempo os dentes da mandíbula inferior furam a parte superior frontal do maxilar. São animais oportunistas e quando pequenos se alimentam de insetos, sapos, etc. mas crescem e passam a se alimentar basicamente de peixes. Possuem uma lingua especializada que impede que a água entre em suas gargantas enquanto estão com suas bocas abertas, contra a correnteza, esperando a chegada de algum peixe.

Avistado na Baiazinha

Bicho do dia

Surucuá (Blue Crowned Trogon)

Surcuá significa pescoço que se esconde em tupi guarani. Vivem nas matas próximas aos rios em casal ou solitários. Fazem ninhos em árvores mortas ou cupinzeiros arborículas e o casal se reveza no cuidado com o filhote. Se alimentam de frutos e de pequenos insetos, podendo pegá-los em pleno vôo. Macho e fêmea possuem plumagem diferentes 

Avistado no caminho entre a Sede e a Baiazinha

Resumo do mês

Comecei o treinamento de guia caimaner com meu primeiro passeio como acompanhante: andamos a cavalo, descemos o rio de canoa e voltamos fazendo safari. Bichos existem vários por todos os lados, todo dia que pegamos uma trilha que passamos no dia anterior vemos animais novos. Em todos os passeios vão dois guias: um guia de campo, que nasceu aqui, e o caimaner, que fala inglês e português. Já comecei a aprender os nomes de algumas aves em ambas as linguas. A Fernanda, minha supervisora, veio aqui especialmente pra fazer meu treinamento em observação de aves e técnicas de guiagem. Ficou por cinco dias.
Passei por todos os setores do hotel: Alimentos e bebidas, recepção, manutenção etc . Saí pra encilhar cavalos, vacinar a tropa, tocar a boiada, tomar tereré (uma erva parecida com a do chimarrão, mas se toma gelada e em chifre de boi).
O alojamento é muito bom! Cada guia tem um quarto individual com banheiro privativo, temos piscina, academia, area coberta com churrasqueira. Conheci uns hóspedes bem legais, a BBC estava aqui filmando um documentário e eu conversei bastante com o diretor/cinegrafista do filme. É a continuação de um documentário chamado planet erth e deve estar pronto no final do ano. Vai ser o documentário mais caro do mundo... Então deve ser muito bom!
No dia do meu aniversário o pessoal, que é muito legal, organizou uma festinha pra mim. Teve até fogueira! Pena que a Onça não apareceu pra tomar uma cerveja... Ia ser bem legal por causa do trato: quem ve onça paga uma caixa de cerveja. Não vejo a hora de pagar a minha.
Outro dia andei de quadriciclo pra ver se da pra fazer umas trilhas novas com os hóspedes e foi muito divertido! O negócio é um tratorzinho! Anda em qualquer tipo de terreno.
Também já fizemos treinamento em primeiros socorros com um dos melhores professores do Brasil! Foi muito bom!
Já acompanhei dois pacotes como guia em treinamento e deu pra tirar uma boa grana com gorjetas!

Tá animal aqui!

Bicho do dia

Gavião Pernilongo (Crane Hawk)

Recebe esse nome por ter pernas compridas. O Nome em Inglês: Gavião Guindaste é devido ao fato dele utilizar suas longas pernas para encontrar animais que estão dentro de buracos profundos

Apareceu perto da estrebaria quando estávamos tosando os cavalos

Uma semana de labuta

Saindo pra trabalhar

Vista da frente de casa

Pegando a estrada pra Sede

Cruzando a Baía da Sede...

Pela ponte

Vista da Baía da Sede

Preparando o lanche

de boas vindas para os hóspedes

Passarinhada

Dia de Peão

Reunido a boiada

...

Cavalgada

Passeio de Voadeira

Adventure Tour

Tuiuiu (foto de Eder Murino)

Safari Forográfico

Tamanduá Bandeira...

De muito perto

Mais Adventure Tour

Passeio a cavalo

Caminhada

Ninho de Tuiuiu

Ninhos de Tuiuiu e Arara Azul em Manduvi

Caiman Tour

Primeiro chamamos os Jacarés

E eles vêm

E vêm mesmo

...

Canoa

Volta pra casa

Tem dias que não da pra saber

onde acaba o céu e começa a terra

E tem dias que não da pra saber

onde é o céu e onde é a terra

E tem gente por aí que diz que não da pra

juntar trabalho com prazer