Capítulo 12: O Futuro da Floresta Amazônica
É Outubro, 2010, estamos no pico da estação seca, uma das estações mais secas já vista pelos guias aqui no Cristalino! As árvores que vivem em afloramentos rochosos, onde a água é mais escassa, perderam as folhas mais cedo do que o normal para economizar esse bem tão valioso para a Vida. Quando andamos por essas florestas decíduas parece que fomos transportados para fora da Amazônia.
Cuxiú passando rapidamente por floresta decídua
As águas estão muito baixas espondo os barrancos, que servem de base para a construção do ninho de várias espécies de aves: andorinhas, arirambas, martins pescadores e a belíssima Saí Andorinha.
Peitoril/ White banded Swallow
(Atticora fasciata)
Ariramba marrom/ Brown Jacamar
(Brachygalba lugubris)
Martim pescador da mata/ Green and rufous Kingfisher
(Chloroceryle inda)
Saí Andorinha/ Swallow Tanager
(Tersina viridis)
Em alguns pontos temos que sair da embarcação com os hóspedes para aliviar o peso, e só assim o barco consegue seguir em frente enquanto caminhamos pela mata para encontrá-lo mais a frente. Os animais, desesperados por água, procuram pequenas poças dentro da mata. Aqueles que não conseguem encontrar se arriscam na beira do rio, onde se tornam vulneráveis para os predadores que estão a espreita.
Veado catingueiro/ Red brocket Deer
(Mazama americana)
Anta/ Brazilian Tapir
(Tapirus terrestris)
Minha Segunda Onça na Amazônia!!!
Jaguar (Panthera onca)
É uma época boa para ver mamíferos, mas essa seca em especial superou a média de qualquer outra seca. A média de Onças Pintadas por aqui é de uma por ano. Até agora já foram observadas 14 (tive o privilégio de estar presente em duas ocasiões). A princípio isso parece ótimo, mas comecei a me perguntar porque estamos vendo tantos animais esse ano... A resposta veio quando comecei a olhar para o céu!!! Quando olhamos para cima vemos um manto de fumaça que filtra os fachos de luz deixando os dias com um ar sombrio. O Sol não se põe no horizonte, simplesmente some atrás da cortina de fumaça. Essa fumaça é causada pelas queimadas na região. Os animais sem ter pra onde correr procuram as reservas, como o Cristalino, onde conseguem abrigo.
A floresta está sendo substituída por pastagens ou por plantações de soja, que é exportada para outros países onde entra como componente na ração para o gado. De um jeito ou de outro a Amazônia está sendo destruída para a produção de carne. E o rítmo com que isso vem acontecendo é alarmante. O tráfico de animais, madeireiras, produção de artefatos indígenas com penas de aves são outras ameaças à Floresta. Nós estamos privilegiando o uso das coisas ao invés de suas fontes, estamos trocando o essencial pelo supérfluo! Vamos ser consumidores conscientes e pensar no que estamos comprando. O Futuro da Floresta Amazônica depende de nós!
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