Capítulo 13: Chove Chuva
É Novembro e a chuva chegou para ficar. Chove quase todo dia, e nós temos que atrasar os passeios constantemente. As águas estão subindo e as Antas, que antes eram tão comuns, agora são visitantes casuais na beira do rio. No lugar delas, vieram as Lontrinhas. Vários casais patrulham o rio e as vemos quase todos os dias. Demarcando território, pescando e brincando nas margens do Cristalino. O Socó beija flor que era uma raridade até o mês anterior, agora mostra a sua beleza quase todas as tardes para os afortunados que descem o rio para ver o por do sol! As Araras, tucanos, araçaris, anabés, guaturamos e saíras são tão coloridas que é impossível não pensar que foram pintados por alguém. Nas trilhas o cheiro adocicado dos buricis perfuma os passeios, enquanto andamos sobre um tapete dourado formado por flores de Castanheiras.
Lontras/ Neotropical Otters
(Lontra longicaudis)
Socó Beija Flor/ Agami Heron
(Agamia agami)
Araçari de pescoço vermelho/Red necked Aracari
(Pteroglossus bitrquatus)
Sete cores da Amazônia/ Paradise Tanager
(Tangara chilensis)
É também a época das frutas, nativas ou não, e as aves, que prepararam seus ninhos na temporada da seca, agora tem bastante comida para seus filhotes que começam a nascer. Os macacos e os morcegos também fazem a festa. Temos figo, caju, jaca, manga, açaí, ingá, mescla, cacao, cupuaçu... É uma época de fartura para todos... Inclusive nós, que não precisamos andar muito para pegar o café da manhã ou a sobremesa depois do almoço.
Caju/ Cashew
Com o passar dos meses, as águas começam a encobrir o barranco e nós temos que ir com o barco cada vez mais pra dentro da floresta, que começa a ser alagada. Os macacos aranha, agora se aventuram na beira dos rios para pegar os camalotes que ficam enroscados nos galhos das árvores...
Os socós, pavãozinhos do pará e martins pescadores, garças e arirambas que antes eram tão comuns, agora são dificilmente avistados... Estão mais pra dentro da floresta, onde o rio é mais raso e é mais fácil apanhar o alimento... Em breve será mais difícil avistar as lontras e ariranhas, pelo mesmo motivo.
Na serra os sapinhos venenosos, com suas cores vibrantes, são tesouros que encontramos em baixo das pedras.
Spot legged Poison Frog
(Ameerga flavopicta)
Splash backed Poison Frog
(Adelphobates galactonotus)
Nas trilhas todo cuidado é pouco, pois essa é a época que mais vemos cobras, mesmo com poucos encontros, é preciso ter cuidado onde pisa. Essa jararaca estava no meio do caminho. Tirei a foto e a coloquei mais pra dentro da mata onde era mais seguro, para ela e para nós.
A névoa, característica das manhãs nessa temporada, adiciona um ar misterioso à paisagem, enquanto as aves pintam o céu da floresta... As vezes, quando o Sol está brilhando e a água está calma é difícil dizer onde a Terra acaba e o Céu começa.
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