Laguna Colorada - Foto: Carolina Mitsuka |
Havia pouco tempo! A estrada pelo Paso Hito Cajon estava bloqueada devido a chuva que atingia o Altiplano. O único jeito era cruzar a fronteira da Bolívia para o Chile por Ollague. Isso significava quatro horas a mais de viagem e menos tempo na Reserva Nacional da Fauna Andina Eduardo Avaroa.
Saímos
antes do sol nascer, mas ao chegar na entrada do parque não havia
ninguém para cobrar o ingresso e liberar nossa entrada. Francisco,
nosso guia, não teve dúvida! Levantou a cancela e disse “Pagamos
na volta.” Seguimos em alta velocidade em direção ao nosso
objetivo: a Laguna
Colorada,
uma lagoa vermelha onde se encontram milhares de flamingos.
Laguna Colorada azul - Foto: Fábio Paschoal |
Ao
avistar o lugar Francisco disse: “Ainda não mudou de cor. Vamos
aos Gêiseres Sol de la Mañana, quando voltarmos a Laguna estará
vermelha.” Realmente, a laguna estava azul, mas seria possível uma
lagoa mudar de cor tão rapidamente? Não havia tempo para perguntas!
Nosso guia tinha que se concentrar para continuar na estrada e não
cair no precipício.
Nos lugares mais altos o frio e a neve são constantes - Foto: Fábio Paschoal |
O
frio e a neve aumentavam conforme subíamos a montanha. Ao chegar à
quase 5000 metros vimos os primeiros sinais de fumaça. O cheiro de
enxofre é forte e de tempos em tempos a água, esquentada pela lava
que corre em tubos abaixo da terra, entra em ebulição e sai pelas
fendas na superfície. Ao entrar em contato com o ar gelado ela se
resfria e tudo volta a ficar calmo até outro ciclo começar.
Em alguns lugares do Altiplano os gêiseres são a única fonte de
água doce para os flamingos que, durante a evolução, desenvolveram
a capacidade de beber água com temperaturas próximas ao ponto de
ebulição. Mas o tempo era curto e já era hora de voltar.
Gêiseres Sol de La Mañana - Foto: Fábio Paschoal |
Descemos
o morro o mais rápido possível e, ao fazer a curva, demos de cara
com a Laguna Colorada
no
momento em que ela mudava de cor! Francisco nos explicou que o vento
era o responsável pela mudança: “Quando o vento bate levanta os
sedimentos e o plâncton que estão no fundo da lagoa e a água muda
de cor.” As algas, diatomáceas e pequenos crustáceos encontrados
na lagoa possuem altas quantidades de carotenoides, pigmentos
responsáveis pela coloração avermelhada. Esses pigmentos são
guardados nas penas dos flamingos e são responsáveis pelo
cor-de-rosa
característico
das aves.
Laguna Colorada no momento em que mudava de cor - Foto: Fábio Paschoal |
Laguna Colorada vermelha - Foto: Fábio Paschoal |
Era
hora de seguir caminho. Voltamos para a entrada da Reserva, pagamos
os 150 bolivianos (aproximadamente US$ 21,50) do ingresso e saímos
rumo à fronteira. Passamos para o Chile, onde encontramos algo
surpreendente: chuva no deserto mais seco do mundo.