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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Pantanal: Capítulo 3

Capítulo 3: A primeira vez a gente nunca esquece 


Após um mês aprendendo os nomes de cada animal, em inglês e português, observando seus comportamentos e aprendendo muito com os guias locais, era a hora de começar. O Éder, um guia mais experiente, estaria comigo para me avaliar.  

Ainda estava escuro quando saímos, mas o canto dos pássaros pretos anunciava que o dia estava para começar. Os anus brancos se encolhiam um ao lado do outro procurando os primeiros raios de sol para se aquecer. Cegonhas, Socós e Garças começavam a chegar para procurar por peixes, caramujos, caranguejos e vermes nas partes rasas. Um casal de Corujas Buraqueiras cuidava de seu ninho na base de um cupinzeiro e os periquitinhos da selva procuravam por comida na entrada da mata enquanto os bugios iam para a parte mais alta das árvores para se esquentar. Por todos os lados era possível se observar jacarés que dividiam o espaço com capivaras e cervos do Pantanal. O silêncio só era interrompido pelos chamados das Araras Azuis que cruzavam o céu voando em círculos sobre nossas cabeças como se quisessem chamar a atenção.  A cada 5 metros nós parávamos para observar uma espécie nova e foi assim durante o dia inteiro.

 Nascer do sol com Cabeças Secas voando

Anus Brancos/  Guira Cuckoo 
(Guira guira)

 Tapicuru/ Bare-faced Ibis 
(Phimosus infuscatus)

 Cabeças secas/ Wood Stork 
(Mycteria americana)



 Corujas Buraqueiras/ Burrowing Owl 
(Athene cunicularia)

 Periquitinhos da Serra/ Blaze-winged Parakeet 
(Pyrrhura devillei)

Bugio Fêmea/ Black and gold howler monkey
(Alouatta caraya)


Arara Azul/ Hyacinth Macaw 
(Anodorhynchus hyacinthinus)

Jacaré cuidando dos filhotes/ Paraguayan Caiman taking care of the babies
(Caiman yacare)

 Capivara/ Capybara
(Hydrochoerus hydrochaeris)

Cervo do Pantanal/ Marsh Deer
(Blastocerus dichotomus)

Então caiu a noite e pegamos o caminhão para fazer uma focagem... Aí começou uma garoa fina e por mais que procurássemos, nenhum bicho queria aparecer... E o tempo foi passando, a chuva apertando e a chance de vermos alguma coisa estava quase no fim. Ao chegarmos próximo à Ponte do Paizinho, onde havia uma grande concentração de jacarés, o Éder sussurrou no meu ouvido: "Não mostra nada agora. A gente vai passar aqui de novo e se não vermos nenhum bicho você para aqui e fala dos jacarés." Nesse mesmo instante parei o caminhão!!! O Eder se levantou e vinha em minha direção e já estava tirando a lanterna da minha mão!!! Por alguns segundos fiquei paralisado, sem acreditar no que estava acontecendo. Estava frio, estava chovendo e nossas chances de ver alguma coisa eram realmente pequenas... Mas lá estava ela! Sentada na nossa frente! Foi então que recuperei o fôlego e as palavras saíram da minha boca: "Jaguatirica! Jaguatirca! Jaguatirica!" Então o Eder parou e todos ficaram em silêncio!!! A Jaguatirica ficou por ali durante 4 minutos antes de entrar na mata!!! 

O Cair da noite



Jaguatirica/Ocelot
(Leopardus pardalis)


Jaguatirica/Ocelot
(Leopardus pardalis)

No momento em que ela saiu do nosso campo de visão todos levantaram e começamos a comemorar!!! Foi Fantástico!!! Meu primeiro passeio como guia não poderia ter sido melhor... É como dizem por aí: "A primeira vez a gente nunca esquece."

Um comentário:

Daniel Costa disse...

kra! muito legal o conteudo do seu blog!! gostei muito mesmo! parabens!!